Resenhas

N.E.R.D. – No_One Ever Really Dies

Grupo retorna em álbum recheado de batidões e participações especiais

Loading

Ano: 2017
Selo: i am OTHER, Columbia
# Faixas: 11
Estilos: Pop, Hip Hop, Funk
Duração: 51:09
Nota: 3.5
Produção: Pharrell Williams, Chad Hugo, Kuk Harrell, Mike Larson, Rhea Dummett

Já se vão sete anos desde que No-one Ever Really Dies, grupo mais conhecido pelo acrônimo N.E.R.D., lançou seu último álbum. O trio formado por Pharell Williams, Chad Hugo e Shay Hayley sempre foi uma espécie de repositório experimental, um território de intersecções do Pop que dava espaço a músicas esquisitonas que não pareciam encontrar lugar ao lado de outras mais comerciais, assimiláveis, desses artistas. Coube ao incômodo generalizado causado por Donald Trump servir como estopim para que os artistas se reunissem novamente para um novo trabalho.

O fato de que N.E.R.D. tenha sido produtivo apenas no começo dos anos 2000 é sintomático, pois a fórmula musical do grupo tem tudo a ver com o pensamento do mercado no começo do milênio. No-One Ever Really Dies, o primeiro álbum auto-intitulado do grupo, vem como um renascimento da trupe, adaptada aos novos tempos.

Não existem mudanças muito grandes, mas os detalhes contemporâneos soam muito bem para ouvidos generosos com o Pop do momento. O álbum pertence ao universo do Hip Hop, seu tema é a música de protesto contra Donald Trump, e a lista de convidados especiais faz com que este álbum tenha um verniz especial, um passe livre para brilhar no rádio e no imaginário de um público numeroso sem grandes dificuldades. Temos a presença de, entre outros, gente como Rihanna, Gucci Mane, Kendrick Lamar, André 3000, M.I.A. e Ed Sheeran.

A sonoridade do álbum pega o ouvinte pelo batidão e pelas melodias grudentas. Se as letras não são tão contundentes, N.E.R.D. consegue dar o seu recado através de uma base sintética efervescente que divide espaço com batidas de bolinhas de pingue pongue e melodias refrescantes. Aliás, o álbum vai colar muito bem em ouvidos brasileiros já aclimatados há muito tempo com batidões e agora cada vez mais simpáticos a Anitta e Pabllo Vittar. O Rap traz um peso especial, mas No-One Ever Really Dies joga sempre na camada mais segura, coisa que já ouvimos em Kendrick Lamar, André 3000 e, é claro, na carreira solo de Pharrell.

Chega a ser estranho um álbum que evoca tanto peso, devido aos nomes envolvidos, soar tão despretensioso. Ainda mais se considerarmos que o trabalho que se propõe político. No entanto, é como se o trio acertasse sem querer em outro território, o da fisicalidade mais básica e envolvente da música.

(No_One Ever Really Dies em uma música: Lemon)

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Gucci Mane, André 3000, Rihanna
ARTISTA: N.E.R.D.
MARCADORES: Funk, Hip Hop, Pop

Autor:

é músico e escreve sobre arte