Resenhas

MGMT – Little Dark Age

Grupo retorna com álbum de Psicodelia Lo-Fi charmosa

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Ano: 2018
Selo: Columbia
# Faixas: 10
Estilos: Rock Psicodélico, Synthpop, Indie
Duração: 44:25
Nota: 4.0
Produção: MGMT, Patrick Wimberly, Dave Fridmann

A trajetória de MGMT é conhecida. Após a explosão da fama com o primeiro álbum Oracular Spetacular – em especial por conta dos singles Kids, Time to Pretend e Electric Feel – a banda deu um cavalo de pau artístico e rumou em direção a terrenos mais ardilosos e sombrios, abandonando os hits, e a linha de frente do Indie por tempo indeterminado. De acordo com os próprios, as músicas chicletentas de sua juventude eram uma grande tiração de sarro: o que interessava de fato para Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden era, na verdade, a psicodelia, o surrealismo a esquisitice. Os álbuns seguintes, Congratulations e o auto-intitulado MGMT, viram a debandada do público, mas mantiveram-se firmes no seu novo caminho.

Com Little Dark Age, a banda retorna a uma camada mais acessível sem abdicar da sua história. O álbum chega com algumas jogadas típicas deste Indie “maduro” que acaba de atingir a maioridade, tal como vimos em Everything Now de Arcade Fire ou em Pure Comedy, de Father John Misty. A ansiedade em tempos de Trump, o descontentamente com as redes sociais e uma espécie de visão distópica de mundo que aconteceu com a chegada dos temíveis smartphones. A diferença, talvez, esteja mais no humor da dupla, menos cínico e mais anárquico, no sentido Tim & Eric do termo.

Há também uma exploração de sintetizadores feita sem falsos pudores, sem moralismo, como se a utilização de efeitos, interjeições e barulhos não fosse mais experimental, e sim apenas um traço natural do DNA da banda. A parceira com Ariel Pink em algumas canções – aliás, as semelhanças entre ambos os projetos são difíceis de ignorar – coloca os músicos neste terreno Lo-fi charmoso, partilhado por Animal Collective ou, vejamos, The Flaming Lips.

Existe um ar blasé, mas ao mesmo tempo existe também aquela inspiração meio Terry Gilliam meio David Cronenberg, um ar amalucado que fascina pela esquisitice e também assusta os mais desavisados. Little Dark Age parece ser o retorno do grupo, não apenas por que Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden fizeram as pazes com o pegada Pop de suas canções, mas também porque o público parece ter perdoado a incursão da dupla na própria jornada espiritual de experimentações.

(Little Dark Age em uma música: Me And Michael)

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BOM PARA QUEM OUVE: Foxygen, Ariel Pink, The Flaming Lips
ARTISTA: MGMT

Autor:

é músico e escreve sobre arte