Resenhas

Franz Ferdinand – Always Ascending

Novo álbum da banda escocesa veio para cumprir tabela

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Ano: 2018
Selo: Domino
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Pop Alternativo
Duração: 39:48
Nota: 3.0
Produção: Philippe Zdar

Estamos assistindo ao envelhecimento galopante desta primeira geração de bandas do século 21. O que acontece com os escoceses Franz Ferdinand também assombra seus colegas de geração. Todos chegaram para um resgate não declarado de pequenos valores e espontaneidades do Rock das garras do Britpop e/ou do Grunge, com a vertente eletrônica/existencial de OK Computer correndo por fora. Sendo assim, qualquer coisa que não soasse próxima desses parâmetros foi colocada na ordem do dia, estando incluído aí o Pós-Punk Eletrônico requentado do quarteto liderado por Alex Kapranos. Sendo assim, este novo álbum é mais uma resposta à lista de presença, uma velha cara que reencontramos por aí. Nada além.

Apesar de aparentemente destrutivo, este primeiro parágrafo não quer dizer que Always Ascending seja um disco ruim. Ele também não é bom, apenas é um trabalho inócuo, quase uma certidão de confirmação de matrícula que a gente leva no cinema para pagar meia entrada, sabe? Não tem nada demais por aqui, as faixas são mais do mesmo, a produção de Philippe Zdar, que tem fluência em grupos mais auspiciosos como Phoenix e Justice não ajuda muito na busca de uma “nova” matriz dançante para a música do quarteto. Pelo contrário, sabemos que o Franz não tem a estatura ou competência de um Duran Duran para se reinventar, daí a proximidade deste álbum com o terceiro, Tonight, de 2009, no qual o grupo tentava pesar mais a mão nos aspectos rebolantes de sua música.

Não há abundância de boas canções, mas há alguns bons momentos, especialmente concentrados nas três primeiras faixas. A canção-título é o melhor momento por aqui, com uma boa atmosfera Disco-revisitada com intuição e pouco conhecimento de causa. O arranjo é bom, a Eletrônica fica bem posicionada ao longo da canção e a voz de Kapranos entra no seu modo de imitação máxima de David Bowie. As duas canções seguintes, Lazy Boy e Paper Cages são legais, com um inegável apelo para a pista de dança, mas se destacam muito mais por detalhes tão pequenos de nós dois, como, na primeira, a boa guitarra com efeitos chacundun e, na segunda, pelos bons climas de teclados e vocais de apoio. Mesmo assim, a impressão que dá é a de uma tentativa desesperada de xerocópia de Let’s Dance, álbum de Bowie lançado em 1983, no qual, sob a produção alcandorada de Nile Rodgers, o homem dava uma guinada gloriosa em sua carreira e pisava com força nos anos 1980. A semi-balada The Academy Award confirma isso.

Digna de nota também é a estreia do novo integrante do grupo, o tecladista Julian Corrie, que chegou para compor elenco após a partida de Nick McCarty. Apesar de ser a primeira mudança de formação que a banda enfrenta desde o início dos anos 00, é pouco provável que você perceba alguma mudança em sua paleta sonora, pelo contrário, conforme já falamos acima. É um disco em clima de “mais do mesmo”, com pouco brilho mas que deverá trazer algum conforto aos fãs. Nada mais. Se é o seu caso, pode cair dentro, sem medo.

Se o seu negócio, no entanto, é novidade e um mínimo de ousadia/vontade/disposição, pode procurar nas nossas resenhas por algo mais apropriado.

(Always Ascending em uma música: Always Ascending*)**

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.