Resenhas

Paul Banks – Banks

Depois de lançar-se sob o pseudônimo de Julian Plenti, vocalista do Interpol dá seu nome e sua cara ao seu novo trabalho solo

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Ano: 2012
Selo: Matador Records
# Faixas: 10
Estilos: Indie Rock, Post-Punk Revival
Duração: 39:45
Nota: 3.5

Alguns artistas tem algumas características tão fortes que, em qualquer projeto que façam, elas vão estar presentes e, quase sempre, serão os pontos que vão te chamar a atenção em um primeiro momento, te prendendo em um mundo de comparações que às vezes podem não fazer tanto sentido. Com Paul Banks não é diferente. Seu lirismo único e, sobretudo, sua voz marcante impedem muita gente de desvencilhar sua imagem da de sua banda, Interpol.

Skyscraper, o primeiro disco solo de Banks, foi lançado sob o pseudônimo de Julian Plenti e contava com diversos elementos e estilos aparentemente desconexos interagindo e se comunicando de uma forma que fugia completamente das faixas que Interpol havia lançado nos últimos anos, mas com as quais muita gente insistia em comparar. Com Banks, sinto a mesma coisa: ele é diferente do que sua banda já lançou e diferente do seu trabalho solo anterior, porém muita gente vai persistir em encontrar semelhanças ao invés de cavar mais afundo e vasculhar o que Paul trouxe para esse novo trabalho.

Aqui, Paul novamente se reinventa, usando elementos, estilos e humores diferentes. O disco carrega uma profunda tristeza em suas dez faixas, seja nas temáticas carregadas de remorso e fantasmas do passado, ou pela instrumentação tensa que cria uma densidade muito grande em cada uma das músicas.

The Base, música que inaugura o disco, tem simples e sólidas linhas de baixo que ganham destaque ainda maior quando a guitarra o violino entram. A voz de Banks, gentil e às vezes quase falada, contribui para o efeito quase hipnótico desta canção. Over My Shoulder já segue um caminho bem diferente, apostando em elementos oitentistas como o Post-Punk e pincelando texturas eletrônicas durante a música. Terceira faixa, terceira mudança: Arise, Awake tem um tom nostálgico que parece ter sido retirado de seu EP Julian Plenti Lives…, lançado mais cedo nesse ano, mas ainda sob o nome de sua persona.

O disco segue nesse mesmo ritmo de mudanças em suas demais faixas, trabalhando alguns elementos às vezes inesperados. Another Chance tem algumas falas que são inseridas na faixa que se constrói a partir de uma base instrumental, ou ainda Lisbon que é totalmente instrumental e vai crescendo ao poucos até alcançar uma cacofonia sonora ao fim da música.

Se a tristeza e o clima nublado tomaran conta de nove das dez faixas do álbum, na ultima canção o céu começa a se abrir e já consegue-se ver o sol saindo. Summertime Is Coming, que estava presente em seu ultimo EP, traz algo mais acessível e até amigável as rádios.

Ao assumir seu nome nessa obra, Paul Banks parece querer mostrar que ele é muito mais que a voz do Interpol ou do experimentalismo de Julian Plenti. Mesmo que não muito coeso, o disco demonstra a personalidade de criador e suas diversas faces.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Antlers, Interpol, Holograms
ARTISTA: Paul Banks

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts