Resenhas

Bat For Lashes – The Haunted Man

O terceiro disco traz maturidade e naturalidade nas composições eruditas, e agora menos pretensiosas, de Natasha Khan

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Ano: 2012
Selo: Parlophone
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Dream Pop, Baroque Pop
Duração: 51:45
Nota: 3.5
Produção: Natasha Khan

O terceiro trabalho de estúdio de Natasha Khan chega às prateleiras das lojas e a surpresa da vez é poder notar que o trabalho sempre sisudo e aventureiro de Bat For Lashes sempre seguiu um caminho de amadurecimento e autoconhecimento da própria musicalidade da qual ela produz. The Haunted Man teve um intervalo de três anos desde o lançamento de Two Suns, o que influiu de maneira notável de um trabalho para o outro a agora mais do que balzaquiana Natasha.

Aos não entendedores do termo “Balzaquiana”, a palavra se refere a moças que já passaram dos 30 anos e surgiu baseada no livro “As Mulheres de 30 Anos”, de Honoré de Balzac. A expressão veio a partir do ideal de que, ao chegar em dada idade, a mulher ganha organicamente a madurez em forma plena, e que vai se desdobrando cada vez mais, pouco a pouco a cada ano. Ela se valoriza mais, entende melhor a própria vida. Se sente mais capaz e totalmente ciente de suas fraquezas sem se punir de forma abrupta. A partir dessas noções, é possível sentir a autodidata Khan se desprendendo cada vez mais da pretensão e lirismos juvenis e caminhando em direção a uma identidade própria, seletiva e natural.

A dramaticidade e seu passado conturbado parecem ter sido colocados na gaveta e o que se manteve para seu material atual foi o melhor do que viveu: Técnicas instrumentais e flexibilidade vocal. Já tendo um público mais definido, a busca por grandes hits forçados foi um dos vícios deixados de lado, despertando de forma fácil a criação de faixas de mesmo impacto, mas sem demonstrar tamanho esforço, como é possível ouvir em All Your Gold, Rest Your Head e Oh Yeah. Apesar das batidas frenéticas e percussões quase desaceleradas seguirem frequentes, a cantora sentiu liberdade para apostar em versões mais românticas e acústicas, como vistas em Laura e Marilyn.

O “hiato” de três anos sem material e a reviravolta de The Haunted Man para Bat For Lashes pode ser considerado como um período de espera sabiamente usado. Natasha Khan parece ter saído de um período obscuro e de hibernação numa caverna, porém revitalizada e em direção a luz e novas percepções daqui em diante.

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BOM PARA QUEM OUVE: Zola Jesus, Fiona Apple, Björk

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.