Resenhas

Jenny Hval – The Long Sleep EP

Artista norueguesa experimenta novas possibilidades dentro de música conceital

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Ano: 2018
Selo: Sacred Bones Records
# Faixas: 4
Estilos: Folk Alternativo, Pop Experimental
Duração: 23 min
Nota: 3.5

Se em Blood Bitch (2016) a artista norueguesa Jenny Hval tinha um conceito mais fechado, falando sobre a percepção da sociedade sobre o sangue menstrual e a mulher, em seu novo EP, The Long Sleep, ela parece focar no processo de composição em si, mas longe de ser um “meta-disco”. O registro mira mais em sua construção do que em suas letras, se concentra em manipular o sentimento do ouvinte através do som e não só das palavras.

Não é à toa que Jenny tem como músicos de apoio para o registro um time oriundo do Jazz, que igualmente é bastante focado em sua forma. Hval ainda chegou a dizer que ela tentou “reciclar” motivos musicais em diferentes perspectivas para se tornar o mais diferente do original possível. Uma tarefa que se torna interessante conforme passam as faixas.

Na abertura, com Spells, Jenny brinca com um som mais reconfortante, cheio de metais e de uma serenidade em sua melodia. Algo que brinca com o Chamber Pop assim como Destroyer fez no disco Kaputt (2011). Já The Dreamer Is Everyone in Her Dream surge como uma singela balada conduzida por doces acordes do piano e uma fragilizada voz da cantora.

A música que dá título ao registro segue por um caminho ainda mais diferente. Brincando com tendências da Ambient Music em uma faixa que ultrapassa a marca de dez minutos, ela apresenta entre seus esparsos sons e breves ruídos um som bastante texturizado e cheio de uma carga dramática. A curiosa e curtinha I Want to Tell You Something encerra o registro de uma forma meio “meta”. Nela, Jenny conversa com o ouvinte, tentando falar sobre o propósito do disco, sobre o processo de comunicação dela com o ouvinte ou, em suas palavras, “dizer algo diretamente sem letras ou melodias”.

Em pouco mais de 23 minutos, Hval encerra seu experimento que encara a música Pop como algo a mais, como uma espécie de conexão entre as pessoas, como algo que talvez nem ela mesmo saiba como explicar, mas que sabe muito bem como exercitar e botar em prática não as respostas, mas justamente os questionamentos.

(The Long Sleep em uma faixa: Spells)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts