Não é de hoje que Lykke Li é sinônimo de dor dentro da cultura Indie/Indie Pop. O maior hit da sueca, o único que conseguiu romper as barreiras desse nicho, é de longe sua música mais animadinha, ainda que seja fácil notar que I Follow Rivers não é uma música feliz. Assim como fez em I Never Learn, a cantora se propôs a trabalhar o sofrimento e a capacidade de senti-lo em seu quarto disco, so sad so sexy, ainda que dentro de um novo referencial sonoro.
Residente hoje em Los Angeles, o Hip Hop característico da Califórnia influenciou a maneira com que ela trabalha suas canções, assim como a forma com que expõe sua dor. Há um flerte quase espontâneo com o R&B quando ela canta com os beats ao fundo, principalmente na ambientação noturna que dá base ao disco, que parece sempre querer te convidar para a dança. Ou seja, quando outros fariam festa, Lykke coloca sua sensibilidade em primeiro plano e insiste em sofrer.
É assim em last piece (a mais Pop, no sentido ingênuo, de todas), no hit deep end (que trabalha o paralelo entre a metáfora de mergulhar na piscina com o fardo que é perceber que ama alguém) e em two nights, na qual o Rap de Aminé ajuda a sintetizar todo esse contexto: “Don’t be sad, look alive Lykke/Damn right, she gon’ dance on my damn Dickies/I mean, when’s the last time you danced on me?/Shit, when’s the last time you even loved?/You look like a dummy/You think it’s dark, but it’s sunny/I feel it all in my tummy/You think it’s sweet like a sundae”.
Mas a resposta continua a que está no título do disco: Lykke Li sabe dialogar com o apelo que a tristeza possui, principalmente para quem está em uma fase da vida quando se aprende a lidar com o fato de que a dor faz parte integral da vivência humana. É “sexy” ao despertar no ouvinte um certo fascínio, uma identificação que leva ao querer ser como ela, ou ao tê-la por perto.
“Pain is on my right”, ela canta em sex money feelings die, “I don’t care to be alright”, perpetuando a imagem que construiu ao longo dos anos. É interessante, portanto, que so sad so sexy termine com a faixa utopia. Lançada no dia das mães, ela tem nos versos “I don’t wanna wait another lifetime/Just to get a dose of the high life” um aceno a outra energia de vida, bem diferente do que ela já lançou até agora e das músicas anteriores no disco.
Não dá para afirmar se seus próximos lançamentos trabalharão uma luz diferente em relação à dor e ao sofrimento. O que sabemos, o que é comprovado a cada faixa do álbum, é que o que esperamos da cantora novamente se cumpriu – isso é, belas canções para você ouvir quando estiver triste ou quiser estar -, com a novidade das novas referências musicais. Seu público não terá do que reclamar.
(so sad so sexy em uma música: sex money feelings die)