Resenhas

Diamond Rings – Free Dimensional

Apesar de mostrar sua versatibilidade, o canadense não apresenta unicidade e/ou originalidade nas músicas de seu novo trabalho

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Ano: 2012
Selo: Astralwerks
# Faixas: 10
Estilos: Post-electropop, Dance, Disco
Duração: 41:30
Nota: 3.0
Produção: John O'Reagan, Damian Taylor

Free Dimensional é o segundo CD da carreira de John O’Reagan, mais conhecido no seu projeto como Diamond Rings. O álbum, que contém dez faixas, dá continuidade ao trabalho bem criticado de 2010, Special Affections. O canadense continua com sua veia no Post-Electropop e também com a predominância forte de seus vocais graves, mesmo sendo altamente conhecido na área como um artista andrógeno. E mesmo com toda a escolha sofisticada de gênero musical, Free Dimensional traz o gosto dos anos 80 com uma nova roupagem, é claro, como se tivéssemos o gosto de sentir o Rock do New Order com a base eletrônica do Kraftwerk e o vocal a la David Gahan (Depeche Mode). Ele co-produziu o álbum com Damian Taylor, produtor de nomes como Bjork e The Killers e construiu a maioria das suas batidas de forma autoral.

Special Affections era condizente com sua imagem, talvez ainda tímida, porém forte. O trabalho trazia o nome e a discussão à tona, o estranho e a sedução em cima disso. A fama veio exatamente daí, desde suas perfomances até sua identidade exótica. Abruptamente, Free Dimensional se desprende do que era viciantemente esquisito e traz uma preocupação maior nas bases eletrônicas, como se a prioridade agora fosse movimentar o público em seus shows. E, talvez por conta disso, a auto-estima virou tema e recheou as bases dançantes do novo álbum. Títulos como I’m just me, Stand My Ground e Hand Over My Heart estão aí para mostrar que o Post-Punk revoltado agora já faz parte de uma “elite glam”, autossuficiente e pronta para mostrar a que veio.

O que antes era incerto e, talvez, até inseguro, com palavras bem escolhidas em um contexto definido e uma base calma e densa, hoje já é decidido, animado e com rimas previsíveis e fechadas. É só ouvir faixas como All the Time, Stand My Ground ou Runaway Love. Definitivamente, a letra não foi o foco aqui. Day & Night traz uma base bem interessante de sintetizadores, pianos e palmas, porém com “one, two, let me love you. Three, four, love you more” de refrão. Um conteúdo que mais parece uma música à la Demi Lovato ou Carly Rae Jepsen, seguida de dois oitavos de um rapper que torna tudo mais incoerente. É claro que John dedicou algumas que ainda nos soam familiar, como I’m Just Me, que inicia densa e vai até um drop incrível de EDM, A to Z e (a engraçada letra rappeada com direito até a palavrão de) What I’m Made Of, “don’t you ever even think of tryin’ to #### with me”.

Talvez por conta dessa miscelânea toda seja tão difícil definir o novo som do Diamond Rings. O uso de guitarras, sintetizadores e uma base mais eletrônica nos pende a categorizá-lo dessa forma, mas faixas como Runaway Love e Stand my Ground surpreende quem o faz. E, mesmo com tais músicas mais retrô, é possível ver o talento do rapaz, de apenas 27 anos, provando a capacidade de modernizar o que já tava no baú de lembranças. Citei a idade para confirmar a ideia de alguém que estuda música, que busca lá atrás influências para determinar o que funciona hoje. Mas, apesar de mostrarem sua versatibilidade, as músicas aqui não aparentam tanta unicidade.

Diamond Rings forçou no Pop e deixou claro que pretende pegar mais adolescentes como público alvo. A originalidade cai por terra e ganhamos uma maioria de faixas passáveis. A depressão inteligente deu lugar ao karaokê superficial. Ao ouvir, temos duas opções para concluir: ou o produtor enxergou uma necessidade de comercializar suas batidas e letras ou ele passou pela melhor sessão de terapia de todos os tempos e já não reconhece mais aquele O’Reagan tão instigante de antes.

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BOM PARA QUEM OUVE: New Order, Japandroids, Grimes
ARTISTA: Diamond Rings

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King