Resenhas

Moses Sumney – Black in Deep Red, 2014

Sensações inconformadas e pessimistas do mundo de hoje são trabalhadas com maestria

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Ano: 2018
Selo: Jagjaguwar
# Faixas: 3
Estilos: Experimental, Soul, Folk
Duração: 9'
Nota: 3.5

“Do we have power?”. A expressividade do trabalho de Moses Sumney ao longo de apenas três faixas mostra-se muito superior àquilo que tantos artistas descorrem por um número muito maior de minutos em seus lançamentos. Já revelando um salto de maturidade em relação ao seu álbum Aromanticism (2017) em diversos aspectos, o pequeno Black in Deep Red, 2014 reúne sensações comuns aos nossos conturbados tempos e as traduz no formato música – ou melhor, no formato disco.

Inspirado pelas experiências do artista em protestos e pela arte do pintor Mark Rothko, o EP traz uma só narrativa divida em três partes muito distintas, mas que constróem juntas um panorama emocional muito específico sobre o diálogo do indivíduo com aquilo que a experiência coletiva produz em si. Não seria arriscado palpitar que, após um álbum sobre questões tão íntimas, Sumney tenha percebido a voz que possui para tratar também desses temas. Dentro da estrutura proposta, aquela sua musicalidade que conhecemos cresce ainda mais em potência e carisma.

Power? abre o registro com sons gravados de protestos e a voz do cantor crescendo como um espectro sintetizado que participa do côro, mas questiona a força ali enaltecida. Call to Arms, na sequência, faz o oposto ao investir em muitos instrumentos, mas nenhuma palavra. Juntas, elas preparam terreno para Rank & File, protagonista da obra que se esbalda na soma de tudo o que já nos fois apresentado e explicita a urgência, a força e o drama de sua mensagem em alto volume.

Black in Deep Red, 2014 é um trabalho inconformado com um quê pessimista, um estado de espírito que Moses Sumney exercita com maestria. Em menos de dez minutos, testemunhamos mais uma vez o refinamento de sua música durante tempos e temas tão brutos.

(Black in Deep Red, 2014 em uma música: Rank & File)

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BOM PARA QUEM OUVE: Young Fathers, Björk, PJ Harvey
ARTISTA: Moses Sumney
MARCADORES: Experimental, Folk, Ouça, Soul

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.