Resenhas

Phill Veras – Alma

Compositor maranhense traz espiritualidade aliada às sinceridades do cotidiano

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Ano: 2018
Selo: Independente
# Faixas: 12
Estilos: Indie Folk, Singer-songwriter, Dream Pop
Nota: 3.5
Produção: Phil Veras

Phill Veras é um veterano na investigação dos sentimentos por meio da canção. O maranhense já tem um histórico de discos sensíveis, marcados pela sinceridade do conhecido singer-songwriter e por sempre buscar um avanço além dos estereótipos, seja pelas letras de aspecto cronista ou com timbres que evocam um doce MPB/Indie Folk. E é justamente no meio desse aglomerado de referências que o compositor se sente confortável em usar suas próprias vivências para investigar aquilo que o toca. Após quatro anos de Carpete, Phill retorna com muito a nos contar, mas diferente de seus registros passados, as coisas agora parecem circular por uma esfera nova, fruto de anos de maturação de seu processo.

Alma, como o próprio nome sugere, mostra uma perspectiva relativamente nova na carreira do músico: a espiritualidade. O “relativamente” vem empregado porque esta temática de certa forma sempre esteve dissolvida em outros registros, mas aqui ela ganha um destaque por si só. Assim, as texturas das composições assumem nuances mais suaves, tentando nos passar justamente esta sensação de leveza, como se estivéssemos apreciando os acontecimentos e questionamentos de Phill em outro nível. É claro que ele não abre mão de sua conhecida malemolência Folk e, sendo assim, esta nova dinâmica é bem representada nas intervenções de timbres eletrônicos com os violões cativantes. O melhor dos dois mundos está presente dentro de Phill.

Fantástico já denota a amizade do compositor com os reverbs que se mantém presentes em maior ou menor grau até o final do registro. Me Leva nos deixa ser levado pela moleza da batida e o conforto dos pads de sintetizadores, tal como o nosso espírito. Movimento Por Aí traz um frescor ao nossos ouvidos, puxando referências da MPB dos anos 1980, mas colocando um toque de Psicodelia contemporânea. Meu Cinema é um presente para os fãs de discos antigos do músico, com um violão sutil e uma letra sobre a devoção romântica. Para encerrar o disco, Quando A Acabar A Festa nos conforta com uma melodia simpática nos deixando em um estado de espirito bem mais descarregado do que quando começamos a escutá-lo.

A Alma de Phill é bem mais complexa do que imaginamos e aceitar o convite do músico para desvendar seus mistérios e sua personalidade é algo agradável. Um trabalho bem produzido e que tem uma curadoria bem planejada de sentimentos diversos sobre a espiritualidade e o cotidiano misturados.

(Alma em uma faixa: Movimento Por Aí)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique