Resenhas

Interpol – Marauder

Sexto disco do grupo sabe fazer crescer a lista de música favoritas dos fãs

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Ano: 2018
Selo: Matador Records
# Faixas: 13
Estilos: Post-Punk, Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 44'
Nota: 4.0
Produção: Dave Fridmann

O clima tenso e melancólico construído por uma gama muito específica de acordes e toda a amargura que dá liga a essa mistura: Não é difícil reconhecer Interpol no meio de uma playlist. Ao chegar na marca de seis álbuns com seu Marauder, a banda norte-americana mostra a maturidade adquirida ao trabalhar sua identidade dentro daquilo que já esperamos de um lançamento seu.

É seguro também afirmar se você vai ou não gostar do disco a partir dos singles pré-lançados e/ou de sua relação com o grupo. Suas onze canções (acompanhadas de dois interlúdios) são feitas em uma estrutura comum ao Indie Rock/Post-Punk, com o tom confessional da interpretação de Paul Banks chegando ao refrão que convida o ouvinte a cantar junto – e alto. Foi o que deu certo em sucessos anteriores como PDA, Evil e All the Rage Back Home, é o que chama atenção novamente aqui.

If You Really Love Nothing inaugura o repertório com aquele tom moderadamente dançante que combina tão bem com o conteúdo emocional delineado pelos acordes dissonantes no refrão. The Rover e Number 10, ambas também reveladas semanas antes do álbum sair, também mostraram bem a energia encontrada na obra. Se as três possuem grande carisma, a boa surpresa ao escutarmos Marauder é perceber que elas não são necessariamente as melhores.

Surveillance, por exemplo, mostra o diálogo guitarra, baixo e bateria sob o vocal arrastado e sombrio na medida certa para a faixa entrar direto na lista de favoritas dos fãs. Flight of Fancy, da mesma forma, traz aquela pressa em logo começar a cantar em uma métrica bastante livre, com repetições de palavras e vogais alongadas onde bem entende. Já It Probably Matters, a última do disco, revela uma dinâmica mais leve à primeira impressão, até notarmos a letra: “I tried to be a faithful man/I tried to hide a taste for the anger/I didn’t indicate that I care/Every time you’d walk away I’d bring it outside/Cuz I didn’t have the grace or the brains”.

Sem abrir mão de um senso de humor irônico aqui e ali, Interpol nos relembra que sabe muito bem a essa altura da carreira o que é que seu público mais quer, assim como o que faz melhor – dois lados de uma mesma valiosa moeda. Marauder tem Stay in Touch e NYSMAW, duas músicas (ótimas) que parecem ter sido feitas para combinar perfeitamente com qualquer outro hit que a banda já apresentou. Seu maior mérito é mostrar como, enquanto outros veteranos caem na armadilha de se tornarem caricaturas de quem um dia já foram, Interpol aposta em combinar suas maiores características com uma altíssima qualidade de trabalho. Não é zona de conforto, é experiência.

(Marauder em uma música: Flight of Fancy)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.