Resenhas

Big Red Machine – Big Red Machine

Colaboração entre Justin Vernon e Aaron Dessner promove a plataforma People

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Ano: 2018
Selo: Jagjaguwar, Justin Vernon & Aaron Dessner
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Experimental, Post-Dubstep
Duração: 46
Nota: 3.5
Produção: Aaron Dessner, Brad Cook, Chris Messina, Jonathan Low, Justin Vernon

Em 2009, Justin Vernon (Bon Iver) e Aaron Dessner (The National), que são hoje em dia dois dos grandes nomes do Indie, colaboraram em uma coletânea chamada Dark Was The Night com a faixa Big Red Machine. A parceria de quase uma década de idade plantou uma ideia na mente dos artistas e, agora, uma banda oficial de mesmo nome finalmente floresce.

Big Red Machine nasce quase como uma divulgação do projeto People, uma plataforma de troca de músicas online, na qual artistas podem expor suas músicas e, subsequentemente, interferir em outras que já estejam no catálogo, tudo feito gratuitamente. Por isso, Big Red Machine, o álbum, atua mais ou menos como um portfólio da iniciativa, já que Vernon e Dessner fazem questão de dizer que este é um álbum comunitário, feito em conjunto, com vários artistas unidos em parceria e assim por diante.

O resultado, no entanto, não dispõe de expressões tão plurais assim, com a voz de Vernon e suas preferências estilísticas soando em primeiro plano por aqui, muito como já havíamos visto em 22, A Million. Influenciado por uma linha de pensamento pós-James Blake, o álbum exibe glitches, vozes recortadas, multicamadas percussivas e o timbre de voz que é a marca registrada de Bon Iver como um ponto de convergência. Ao invés de soar como um novo momento enriquecido pelas expressões dos parceiros (entre eles integrantes das bandas This Is the Kit, Arcade Fire e The Staves), o álbum se assemelha mais a uma continuação, apesar de mais genérica, de sua carreira.

O que não quer dizer que este trabalho não tenha seus momentos de sucesso. Faixas como Lyla, Hymnostic e Forest Green são capazes de criar um climão hipnótico, no qual melodias noturnas e timbres granulados refletem uma visão de mundo antenada com contemporaneidade. Fica o desejo de ver se o projeto consegue dar o passo que se propõe à sua própria democratização, equalizando a voz dos artistas que, por enquanto, parecem estar em segundo plano em relação à importância de seus proponentes.

(Big Red Machine em uma música: Forest Green)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte