Resenhas

Monza – Bonsai

Novo disco de banda paulistana traz suave sonoridade em meio a contradições sobre relações e amor

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Ano: 2018
Selo: Freak
# Faixas: 7
Estilos: Indie Rock, Dream Pop
Duração: 29:02
Nota: 4.0
Produção: Monza

A gente costuma pensar que nosso cérebro é aquela coisa extremamente racional e dotada de sistemas que nos fazem pensar melhor, mas por vezes esquecemos que esse mesmo órgão também comporta nosso lado extremamente emocional e, não raro, irracional e impulsivo. Desta simbiose viva que habita nossos interiores é que vem a maioria de nossas teorias para explicar nossos sentimentos e o mundo. Particularmente para a banda paulistana Monza, isto parece ganhar muito significado na produção de seu aguardado segundo disco.

Vindo de uma tradição forte que flertar entre o etéreo Dream Pop e a eterna juventude de um Indie Rock suave, o grupo parece ter alcançado um patamar novo com este novo disco. Bonsai, segundo os músicos, fala sobre “um universo onde o amor e outras relações humanas inibem a possibilidade de momentos de felicidade”, e a construção do trabalho é toda direcionada nesse sentido. A acidez do discurso misturada à suavidade dos arranjos traz um jeito curioso de lidar com a distopia (ou utopia, dependendo do ponto de vista) criada, quase inventando um remédio para digerir melhor o que a banda se propôs a construir. Nesse sentido, nós percebemos uma obra que possui tanto o nosso lado mental e sistemático querendo organizar as coisas, quanto uma carga emocional grande, em uma espécie de catarse.

Travessa abre o disco em uma análise crua (porém esperançosa) de um relacionamento, embalada sobre uma faixa reverberada que lembra um Real Estate dos primeiros discos. Zero discute a perda da individualidade em uma relação, principalmente no insistente e afiado verso: “Pensar por dois, se pá não vira”. Como o próprio nome sugere, Leve nos joga em um mar de texturas de guitarras fluidas e não temos outra opção senão ficar à deriva do fluxo construído aqui, um que nos guia por entre os pensamentos e construções deste universo ao mesmo tempo doido e cativante. De Longa encaminha o relativo curto disco para o fim, com a potência de guitarras distorcidas e talvez uma das melancólicas composições do trabalho, uma que traz uma inspiração inegável de Mogwai. Dando um ponto final, traz alguma esperança em uma balada quase Brit Rock forte e arrebatadora em sua confluência de timbres.

Este novo trabalho aponta uma direção madura por parte da banda, evidenciando que seu apego à sonoridade Indie não é apenas fruto de uma reprodução de estereótipos. O resultado é um disco gostoso de se escutar, mas também interessante para se pensar dentro das possibilidades que desenha.

(Bonsai em uma faixa: Leve)

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ARTISTA: Monza
MARCADORES: Dream Pop, Indie Rock, Ouça

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique