Resenhas

Murilo Sá – Fossanova

Músico baiano transforma fim de um relacionamento em canções

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Ano: 2018
Selo: 180 Selo Fonográfico
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Rock Psicodélico
Duração: 30 min
Nota: 3.5
Produção: Murilo Sá

Se Fossanova, terceiro álbum do músico baiano Murilo Sá, parece de alguma forma acenar para o movimento da Bossa Nova, esse é um aceno bem breve e fugaz. A musicalidade encontrada pelo artista em seu novo registro mergulha bastante na Psicodelia, ora brincando com Pop Rock Psicodélico dos anos 70, ora trazendo elementos mais abrasileirados do estilo, como a Tropicália, por exemplo.

Se há algo da Bossa, talvez seja a temática amorosa, mas de um amor que persiste latente nas lembranças após o fim de um relacionamento. Esse é um disco de fossa, que ora enfrenta a falta do outro de maneira otimista, ora mergulha na tristeza, sem fingir que está tudo bem. A abertura, com Tempos Esquisitos, mostra esse lado bastante melancólico de um interlocutor que se encontra totalmente perdido em pensamentos e comportamentos de autodestruição.

Com produção e gravação toda feita pelo artista, esse registro reflete também uma nova fase em sua carreira. Agora, sem o Grande Elenco (de discos como Sentido Centro (2014) e Durango! (2016)), o músico traz participações pontuais, como a de Tatá Aeroplano (em A Arte de Caminhar) e Roger Alex (para Raio X), quase como se o “eu lírico” e “eu”, de Murilo, não tivessem mais distinção, como se fundissem em uma só pessoa. O resultado é bastante honesto, mesmo quando canta a música de outra pessoa, caso de Cara, que teve sua letra composta pelo baiano Heitor Dantas.

Ao fim de dez faixas, Fossanova se apresenta como uma obra bastante dinâmica, seja na musicalidade que flutua por diversos campos de um Pop Rock Psicodélico – até mesmo brincando com a música Pop brasileira Pop dos 80, à la Guilherme Arantes, em Cara ou com um quase-Samba na canção-título -, seja moods que traz à obra: a autodestruição (Tempos Esquisitos), uma aceitação agridoce (Quando o Filme Terminar), o esforço de esquecer alguém (Fossanova) e um misto de raiva e decepção (Raio X).

(Fossanova em uma faixa: Fossanova)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts