Resenhas

MØ – Forever Neverland

Novo disco da cantora dinamarquesa concilia sonoridades passadas com inventividade Pop

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Ano: 2018
Selo: Sony Music
# Faixas: 14
Estilos: Pop, EDM,
Duração: 44:48
Nota: 3.5
Produção: MØ, Diplo, Cashmere Cat, SOPHIE, John Hill, Hudson Mohawke, Benny Blanco, StarGate e outros

Quanto mais tempo antecipamos um registro, mais expectativas criamos e, às vezes, isso pode criar monstros muito maiores do que na realidade. Os entusiastas de tem passado por essa ansiedade constantemente desde que seu excelente disco de estreia fora lançado em 2014. Nestes quatro anos de intervalo, singles de apelo radiofônico intensos e parcerias com grandes produtores de EDM tomaram conta de sua discografia, bem como o EP When I Was Young do ano passado.

Os monstros criados pelo anseio do segundo disco envolviam o quanto a cantora e compositora estaria abandonando as raízes da era No Mythologies To Follow, cedendo cada vez mais à mesmice da EDM e ao controle de outros produtores sobre sua obra. Felizmente, estas aflições chegaram ao fim com um disco que trabalha todos os elementos de sua obra de uma forma interessante.

Forever Neverland não nega as diferentes sonoridades pelas quais MØ percorreu desde que seu tímido e coeso EP Bikini Daze fora lançado. Da mesma forma, os novos conhecimentos sobre a música Pop e a possibilidade de trabalhar com produtores de diversos segmentos da música eletrônica e até mesmo experimental (somando quase 30) ganharam um espaço claro, fazendo deste novo registro uma grande miscelânea cultural sob a curadoria precisa da dinamarquesa. Assim, podemos até estar diante de uma Terra do Nunca cheia de possibilidades e que enxerga na juventude artística da cantora muitas possibilidades. Porém, ela não nos permite ficar estagnados no passado e impulsiona muitas possibilidades para o futuro, evitando que sua música fique consagrada em um limitado espaço de tempo do passado, atualizando-a de forma voraz e cativante.

A raíz étnica é uma marca bastante presente nesta nova fase da cantora, e abrir o disco com Intro e Way Down deixa claro o orgulho que MØ tem, na fusão de uma batida intensa com flautas típicas. Nostalgia, por sua vez, traz um curioso spoken word nos versos que desemboca em um refrão pegajoso e perfeito para ser cantado por multidões nos grandes festivais. A suavidade de seus primeiros registros é representada por Beautiful Wreck, apostando forte em um andamento acelerado, mas que não deixa a música explodir nos excessos do Dubstep/EDM, sempre com muita parcimônia. Imaginary Friend talvez seja a faixa que mais traz a oposição entre o Pop e a suavidade, sempre ficando no limite entre um ou outro. Purple Like The Summer encerra o trabalho no que pode ser descrito com uma faixa Ambient mais Pop, perfeita para deixar o ouvinte querendo mais desta insaciável mistura.

MØ não só passa no teste do segundo disco, como mostra a forma inventiva e criativa de como lidar com as experiências que ganhou no passado. Aliando nostalgia e experimentações dentro do Pop, Forever Neverland tem tudo para render singles potentes e cativar uma audiência abrangente por muito tempo. Praticamente um caleidoscópio cultural.

(Forever Neverland em uma faixa: Nostalgia)

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BOM PARA QUEM OUVE: BANKS, AlunaGeorge, Jessie Ware
ARTISTA:
MARCADORES: EDM, Pop

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique