Resenhas

Mustache e os Apaches – Três

Terceira obra do trio volta às raízes do Folk e Bluegrass

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Ano: 2018
Selo: Monstro Discos
# Faixas: 9
Estilos: Folk Rock, Bluegrass
Duração: 26 min
Nota: 3.5

O quinteto gaúcho Mustache e os Apaches desde sua gênese teve sua musicalidade voltada para as ruas, para o ao vivo. Foi por volta de 2010 que o grupo surgiu pelas avenidas de São Paulo com seu misto de Dixieland, Bluegrass e Skiffle, e conseguiu se estabelecer como uma novidade no cenário brasileiro ao buscar em sonoridades tipicamente norte-americanas sua fonte de inspiração – dando, é claro, seu toque pessoal ao cantar em português.

Foi só em 2013 que essa mistura de Jug Band com algo teatral e performático ganhou sua primeira edição em estúdio. O álbum homônimo da banda tentava capturar aquela essência tão ligada à rua ao mesmo tempo que revelava algo mais profissional do grupo. Já em 2015, com Time Is Monkey, há uma espécie de reinvenção de sua músicalidade, tentando explorar ao máximo as possibilidades oferecidas em estúdio, inclusive trazendo instrumentos elétricos e bateria, bem como elementos do Rock e Folk Elétrico.

Três, terceiro e recém-lançado disco do grupo, parece vir de um híbrido entre esses dois momentos. Há sim, bastante das experimentações em estúdio (aproveitando ao máximo esse ambiente criativo), ao mesmo tempo que o grupo volta às suas raízes mais acústicas, brincando com o novamente com Folk, mas também tangenciando a Música Caipira e Música Latina. Dono de uma identidade própria, o disco mostra ainda o grupo amadurecendo em suas letras, muitas vezes ácidas e cheias de sarcasmo.

Megalomania, por exemplo, trata daquele tipo de pessoa totalmente egocêntrica e que “sempre está certa”; Contagiado é um discurso de um revolucionário frustrado (quase o mesmo caso de Amém); ou mesmo Canalhas que tem uma abordagem mais direta sobre autoridades ou pessoas que são canalhas. Liricamente, o disco reflete bastante do momento atual do país e a ascensão ao poder de projetos autoritários e um povo incapaz de reagir ou de perceber o caminho a que está rumando.

Ainda assim, Três é um daqueles discos que só revela seu total potencial nos palcos ou nas ruas. Não negando seu DNA, o grupo consegue soar ainda melhor ao vivo, transformando essas boas músicas presentes no registro em algo mais potente – e convenhamos que uma banda teatral como essa merece mais do que ser ouvida, ser vista.

(Três em uma faixa: Megalomania)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts