Resenhas

Crystal Castles – III

O pé no freio, a técnica mais apurada e a experimentação renovada fortalecem o duo canadense dentro de seu próprio estilo

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Ano: 2012
Selo: Casablanca, Fiction, Universal Republic
# Faixas: 12
Estilos: Eletrônica, Experimental, Lo-Fi, 8-bit
Duração: 39:33
Nota: 4.0
Produção: Ethan Kath

A ascenção atingida pelo duo Crystal Castles em sua curta carreira impressiona pelo ganho exorbitante de público e pela melhora a cada lançamento. O homônimo primeiro disco se apoiava basicamente em sintetizadores 8-bit e os típicos vocais agudos e estourados de Alice Glass, o que há quatro anos era mais uma dúvida intrigante do quão longe essa mistura entre uma atitude punk e batidas eletrônicas se encaixariam de maneira harmônica do que qualquer outra pretensão. E foi por meio de linhas de pensamento nada perpendiculares ou padronizadas que Ethan e Alice hoje enchem picadeiros e palcos ao redor do mundo.

O terceiro disco é o primeiro a ganhar um nome próprio, ou melhor dizendo a numeração romana III, podendo essa ser uma sugestão de maior credibilidade naquilo que tem sido produzido. A melhor novidade para os curiosos é que o véu hype que sempre envolveu a dupla em uma trama fechada e dedicada a um nicho específico segue um rumo um tanto menos agressivo que o comum e cerceado pelos vícios iniciais para dar abertura a ritmos musicais mais definidos e oferecer percepções mais abertas ao público. A melodia, que era quase um mito lá no início, veio tomando forma e agora se torna mais palpável, sem perder os motes iniciais que formaram a estrutura e identidade principal do grupo.

O novo material traz uma técnica mais apurada recheada de músicas que pontualmente poderiam integrar as primeiras criaçoes homônimas lançadas, muitas servindo com um hit fácil. No entanto, III não é um álbum de versões criadas sem novidades. Apesar de ter ambientações mais táteis e variabilidade entre sons mais melancólicos e passivo-agressivos, o número de texturas e traços experimentais nos arranjos surpreendem na conectividade e não provocam uma quebra brusca a cada mudança de faixa, podendo ser ouvido todo o material de uma só vez, maneira incomum até então para os acostumados com auges tremendos na finalização da maioria cada composição dos canadenses.

A maré de hits dançantes segue embalando a banda com faixas como Plague, Affection, Kerosene e Sad Eyes mesmo em uma velocidade não tão amendrontadora, o duo mexe a massa mais devagar mas ainda sabe de cabeça a receita certa para um resultado eficaz. A surpresa final do terceiro lançamento é a canção Child I Will Hurt You, que revela uma atmosfera completamente diferente de tudo já criado por eles até então, um Dream Pop adocidado e de característica inocente pode ser uma influência ou promessa futura para o quarto trabalho do grupo, que permanece revolucionário mesmo girando em torno de seu eixo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Purity Ring, HEALTH, Grimes

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.