Resenhas

Holger – Ilhabela

Banda canta em português sem ligar para as letras neste seu segundo álbum, que continua a festa tropical de sua estreia com “Sunga”

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Ano: 2012
# Faixas: 12
Estilos: Indie Pop, Indie Tropical, Axé Indie
Duração: 42:00
Nota: 3.0
Produção: Alex Pasternak

Em Ilhabela, a banda paulistana Holger promove uma experiência de “Semana do Saco Cheio” ou viagem de formatura em Porto Seguro com músicas dançantes, letras descompromissadas e guitarras coloridas que te chamam para brincar.

O segundo trabalho do grupo, sucessor de Sunga (2010), desce fácil para quem quer curtir a festa com mais daquele tal Axé Indie com climas tropicais/latinos. A produção caprichada ficou a cargo de Alex Pasternake, da banda estadunidense Lemonade, que soube comandar bem uma dose extra de brasileirismo deste lançamento, culpa das letras em português.

E é aí que o disco encontra um certo obstáculo. Versos como “Deixa tudo boca livre no buraco da glória/Se o calor te deixa foda, então me leva pra nadar” (em Me Leva pra Nadar), “Fazer amor, fazer amor/Seja o que for, fazer amor” (em Se Você Soubesse) ou “Treta, treta, aqui é treta (…) Treta, muita treta, treta” (em Treta, feita em parceria com Bonde do Rolê), por exemplo, somados ao lançamento às 4:20 da tarde resultam em uma sensação de adolescência tardia e forçada que esbarra em uma certa “vergonha alheia” de ver alguém que se esforça demais em parecer cool ao ir de encontro ao que o pessoalzinho dito cool curte.

No entanto, é exatamente isso que confere uma autenticidade maior ao trabalho do Holger. Ao invés de inventar letras com poucos centímetros de profundidade para tornar cantáveis suas empolgantes melodias, a banda vira o conceito do avesso e escreve versos que não chegam nem a ser rasos, são explicitamente protuberâncias líricas feitas para preencher vocalmente os espaços nas faixas.

Tudo bem, pode ser, a gente já entendeu que o lance aqui é fazer festa e tirar um som gostoso de ouvir – e Ilhabela cumpre bem ambas as funções. É difícil resistir e não sair dançando com as guitarras, que às vezes são até percussivas, em faixas como Abaía, Bambalira e Pedro – que também foi feita com Bonde do Rolê e tem João Parahyba, do Trio Mocotó, na percussão.

Os momentos mais interessantes ficam com Full of Life, que parece resumir o melhor da banda em uma só faixa, os metais de Great Strings e a rica Infinita Tamoios, com participação da colombiana Li Saumet, da Bomba Estereo, e timbres de instrumentos de sopro.

Parece um álbum bom de ser visto ao vivo, já que a festa deve ser mais legal pessoalmente. Nos intervalos entre os shows da banda, temos as doze faixas do disco para uma injeção de jovialidade praiana no meio do dia-a-dia.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.