Resenhas

Vitalic – Rave Age

O produtor francês ousa misturando Electro, Hip Hop, Pop e Indie, mas peca na falta de identidade ao tentar criar novas tendências

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Ano: 2012
Selo: Different Recordings
# Faixas: 12
Estilos: French Electro, Hip Hop, Indie
Duração: 46:35
Nota: 4.0
Produção: Pascal Arbez

Pascal Arbez, mais conhecido como Vitalic, um dos maiores nomes do EDM mundial, lançou nesse mês seu terceiro álbum de estúdio: Rave Age. O trabalho tem doze faixas e conta com um abrangente campo de recursos e influências de Electro, Hip Hop, Indie e Pop. Vindo de um histórico bastante barulhento, o produtor traz um pouco de tudo que já usou em seus dois últimos álbuns. Em Ok Cowboy, Arbez abusou do rasgado e se tornou uma mistura ideal entre referências desde Daft Punk a Justice, isso em uma época em que o Electro ganhava espaço, daí jogou o nome do DJ pro alto e deu a visibilidade que tanto merecia. Em 2009, veio com Flashmob, um trabalho que distanciou-se por completo do anterior, apostando mais no Disco e em hits comerciais. Até então, Vitalic era um produtor que agradava diferentes públicos com seus últimos lançamentos.

Três anos depois, fomos agraciados com Rave Age, uma grande interrogação de qual caminho o produtor iria seguir. Mesmo antes de sua liberação, já foram divulgados os dois primeiros singles do produtor: Stamina com seus vocais bregas e uma base que dá a entender, ao pé da letra, o nome do álbum, e No More Sleep, que abusa do Electro, buzinas, sintetizadores latejantes e uma progressão viciante. Pascal prefere começar a obra com o incrível vocal Indie de Karkousse em Rave Kids Go, que dá abertura às batidas que levam a um drop inesperado: uma porrada de Electro rasgado que mostra todas as intenções de Rave Age, instabilidade e versatibilidade. Fade Away, uma das melhores músicas do álbum, mantém a linha Indie, inclusive na introdução da faixa, bem comparável às novas bandas australianas que vem surgindo. Sua base é confortante, relaxante, simples, algo bem parecido com o que Hoaxx fez em Who’s the Queen.

Vigipirate é a primeira que traz influências do Hip Hop com samples animalescos. Como não lembrar do Diplo? Em seguida, Owlle empresta sua voz para Under you Sun, que falseia um SynthPop melódico à la Cher que não dá muito certo. Nexus segue a mesma incoerência a fim de trazer uma faixa muito conceitual que Flying Lotus faria, mas só serviu como uma brecha para respirar, assim como The Legend of Kasper Hauser. E a estranheza segue até The March of Skabah, que mais parece uma faixa da trilha sonora de algum filme oriental de terror para crianças. La Mort Sur Le Dancefloor é um Electroclash/Electropunk rasgado como uma mistura de Vive la Fête, Peaches e Chrystal Castles com doses de vocais mecanizados masculinos. Já entrando no desfecho do álbum, temos Next Im Ready com uma base que lembra One More Time que casa com um drop que daria certo em qualquer festival.

Diferente dos já lançados, Rave Age se trata de um trabalho com estrutura mais completa e maior uso vocal, completamente agradável para os fãs do gênero e um pouco do que ele já fez antes. Talvez esse seja o grande problema. De fato, o álbum trouxe várias influências: French Electro, Hip Hop, Pop, Indie… Tão versátil que algumas vezes soa experimental demais para um nome que já deveria ter maturidade. A impressão que se dá é de que Pascal nunca esqueceu das críticas com Flashmob e resolveu tentar conciliar as coisas mostrando uma versatibilidade que não se fez coerente. É compreensível que Vitalic tente mudar e ousar em seus próximos lives. Faixas como Rave Kids Go, Under Your Sun e La Mort Sur Le Dancefloor têm a energia suficiente para serem executadas ao vivo.

É válido deixar claro que o álbum é, sem sombra de dúvidas, redondo. Vitalic tem um nome forte o suficiente pra ter críticas pesadas em seus lançamentos. O normal é esperar produções geniais de produtores geniais. Rave Age é apenas ótimo. Em uma época em que o rico é misturar gêneros para criar tendências, a tentativa de Vitalic falhou. Quis fazer tudo, mas não passou mensagem alguma. Mais pareceu, no final das contas, um álbum sem identidade. Mais uma vez, teremos que esperar um próximo álbum para saber o caminho que Pascal vai seguir.

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BOM PARA QUEM OUVE: Zedd, Daft Punk, Boys Noize
ARTISTA: Vitalic

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King