Resenhas

Cities Aviv – Black Pleasure

Rapper traz um Hip Hop moderno com elementos eletrônicos contemporâneos e nos faz refletir sobre o gênero

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Ano: 2012
Selo: Mishka
# Faixas: 15
Estilos: Hip Hop, Eletrônica, Post Punk
Duração: 37:11
Nota: 3.5
Produção: RPLDGHSTS, Froskees,Silkky Johnson

A evolução de um gênero musical passa sempre pela criatividade e coragem de seus músicos. Muitas vezes, um som pode conter uma expressão artística a frente do seu tempo, ou simplesmente diferente das demais. O que vai determinar se tal ato é relevante no cenário depende de diversos aspectos, não só a falta de pares no mercado, mas, principalmente, a qualidade do que é feito. O Hip Hop, estilo musical do final dos 1970, está trilhando o seu caminho entre diversas vertentes e Cities Aviv, com seu Black Pleasure, é um de seus representantes.

É impossível para um fã do gênero não estranhar os primeiros minutos do disco. Batidas eletrônicas pesadas, semelhantes em alguns momentos ao que o Crystal Castles faz, em que a voz é muitas vezes abafada diante de tanta cacofonia, podem levar os mais fervorosos a torcerem o nariz. No entanto, a maturação do som chega espontaneamente, principalmente após a utilização de um par de fones de ouvido. Com tal instrumento, vemos que as camadas sonoras fazem sentido diante de tanto caos.

Cities mistura as suas rimas com elementos presentes no Post-Punk. Pegue a bateria eletrônica e os sintetizadores dessa vertente e coloque um tempo mais devagar e temos a bela Forever. Flex Your Gold bebe da mesma fonte, mas procura evoluir ao demonstrar guitarras estridentes repetidas em loop e uma voz nasal mais forte de Cities.

Um pouco de Dubstep, o de Burial e não de Skrillex, é visto em IDrankUpAllTheClouds. Clima mais pesado e nebuloso com uma batida em “gotas” fazem desta uma das músicas mais viajantes do disco. Escorts é a cacofonia abordada anteriormente, em que um sample repetido infinitamente parece deixar o ouvinte maluco. Se escutada em um aparelho de som menos potente, soará extremamente irritante. Remynd com Maria Minerva segue a mesma toada repetitiva e traz questões importantes sobre a experimentação em um gênero.

Estamos escutanto o som por ser simplesmente diferente, ou por que é realmente bom? Quando nos deparamos com Simulation concluimos que o seu trabalho é excentricamente interessante em diversos momentos. Tears é Crystal Castles com Rap, em uma mistura que sai naturalmente, e uma atmosfera sonhadora com elementos eletrônicos é criada.

No entanto, quando o Hip Hop não se faz presente e Cities brinca com a música eletrônica somente, o resultado não é tão bom assim. Pure Infinite e Normalimortal são pancadas no cérebro e cansam os ouvidos, como se uma noitada durasse por intensos dois minutos.

Cities Aviv demonstra que o Hip Hop ainda pode evoluir muito e depende somente da coragem de seus músicos. Nem toda experimentação é eficiente, mas traz ótimas canções contemporâneas de um estilo em constante inovação quando bem encaixada. Se você curte Eletrônica e sempre quis saber como seria a música com versos rimados, agora é a hora de encontrar o Black Pleasure.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.