Resenhas

Karriem Riggins – Alone Together

Instrumentista de Hip Hop traz álbum de estréia repleto de samples prontos para as pistas e deve agradar os entusiastas do gênero e suas batidas

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Ano: 2012
Selo: Stones Throw
# Faixas: 34
Estilos: Hip Hop, Jazz
Duração: 53:28
Nota: 4.0
Produção: Karriem Riggins

Você talvez não conheça Karriem Riggins individualmente, mais saiba que o instrumentista de Hip Hop já trabalhou com artistas como Paul McCartney, Common, Diana Krall além de ícones do Jazz como Dizzy Gillespie e Oscar Peterson. Alone Together pode ser considerado uma série de excertos concentrados na instrumentação do gênero e da música negra. Comfaixass feitas para ter uma duração curta, o disco é uma viagem sonora por todas as influências do artista.

Em pequenas doses, somos jogados a batidas precisas que poderiam se tornar facilmente samples para qualquer artista. A curta duração de algumas músicas chega a ser frustrante em alguns momentos e o desejo de que estes pequenos trechos transformem-se em algo maior acabam passando pelo inconsciente de quem escuta o trabalho. Mas tal sentimento é assimilado de uma forma melhor quando compreende-se que em um primeiro trabalho, e instrumental, o músico quer demonstrar todo o seu potencial e as vertentes de seu som.

Assim como Flying Lotus consegue magistralmente realizar, Karriem também coloca camadas atrás de camadas em sua música, de uma forma interligada e comprensível. Bring That Beat Back poderia muito bem constar no último trabalho de Lotus, mesmo soando mais Pop. Dentro das 34 músicas presentes no disco, temos grandes momentos inesquecíveis e que deveriam ser inspiração para qualquer aspirante a beat maker. A levada Funk anos 70 de J Dilla The Greatest, a pegada viajante à la Ratatat de Matador ou a vertente espacial de Voyager I 5000 são só alguns exemplos do pluralismo do músico.

Você se frustrará quando escutar umas das melhores batidas do ano, 6-40, e perceber que ela dura somente 30 segundos! Gêneros distintos como o Afrobeat e Música Latina são lembrados em Africa e Esperanza respectivamente. O Jazz no início de Alto Flute, feito no contra-baixo durante alguns segundos, para depois a mesma batida ser transformada sinteticamente, demonstra uma maestria de produção incomum nos tempos atuais.

Diálogos que dissertam sobre Hip Hop e Jazz, como em Water, soam como pequenas análises do que virá mais adiante dentro do disco. Double Trouble poderia estar na trilha sonora de qualquer filme de Black Expoitation no auge do Black Power dos anos 1970. A7 Mix traz uma leitura moderna do mesmo estilo, e a figura de artistas como Samuel L. Jackson ou Morgan Freeman vem rapidamente à cabeça.

Tanto através de instrumentos como bateria, percussão, baixo, guitarra como por batidas eletrônicas e aplicação de camadas sonoras, Karriem demonstra ser um músico virtuoso. Como um veterano da música, algo que Riggins realmente é, o artista demonstra que o seu disco “instrumental” de Hip Hop deveria constar em qualquer biblioteca de DJs e produção. Não será estranho se nos próximos anos o músico começar a produzir álbuns de grandes artistas do gênero – o que se mostra não só bem-vindo, mas também necessário para a sua constante evolução.

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BOM PARA QUEM OUVE: Kanye West, Jay-Z, Flying Lotus
MARCADORES: Hip Hop, Jazz

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.