Resenhas

Tiga – Non Stop

O produtor canadense libera um mix ousado de artistas de seu selo, com influências que permeiam entre o Indie-Electro, Techno, Funk e Pop-Rap

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Ano: 2012
Selo: Different Recordings
# Faixas: 28
Estilos: Techno, Indie-Electro, House
Duração: 70:08
Nota: 4.0
Produção: Tiga

Tiga sempre se mostrou inquieto. O canadense, que sempre pairou no limiar entre o Pop e o Club, lança agora uma compilação de 28 faixas misturando estilos com um elenco escolhido a dedo. As músicas se entrelaçam com suas próprias produções, incluindo Plush, faixa recém-lançada com colaboração de Matthew Dear na produção. O pacote da Turbo, seu próprio selo, contém um time de respeito, passando por Kindness, AFX, Duke Dumont, Blawan e Panda Bear, e, por isso, o trabalho apresenta uma vasta diferença entre gêneros, desde o BPM 70 ao padrão 126.

Cinco anos depois de seu úlltimo lançamento, Tiga vem com Non Stop, uma obra ousada de influências que permeiam entre o Indie-Electro, Techno, Funk e Pop-Rap. O mix soa como uma exploração de som escolhida de forma minuciosa, que brinca desde os primórdios de sua carreira com o Electro-Clash até o que tem de mais Acid House de Chicago em suas produções atuais, inspiradas, inclusive, pelo Azari & III.

A compilação se inicia com 110 batidas por minuto com o Lo-fi/Indie delicado de Kindness, partindo, posteriormente, ao Acid de 4E e Aphex Twin. Plush causa a quebra e estimula a mudança, que se mantém até os graves “Deep Houseados” de Street Walker ou The Giver de Duke Dumont. Os vocais modificados na faixa do renomado Tom Trago trazem atmosfera de festival ao minimalismo de Lil’ma Bonus Beats. Os interlúdios, como os de Marco Carola e do próprio Tiga, servem como uma mixagem a fim de acelerar o BPM. O apanhado mostra uma miscelânea de etnias com as batidas afro de On My Days, de Auntie Flow, e nas flautas sub-continentais de Romare, em The Blues.

A segunda faixa assinada por Tiga é The Picture, que tem sua base Techno-House com pequenos filetes de vocais que brincam com sua base pesada de percussões. Locked Groove traz em batidas de Hip-Hop e percussão de House suas influências Funky e Groove com Thorough. A base percursiva de Blawan em 6 to 6 Lick se mantém no Techno sombrio e carregado de sintetizadores pesados e barulhentos. Logo em seguida, Factory Floor não economiza nos sintetizadores pra criar uma atmosfera bem Neo-Punk que lembra os primórdios do Electro-Clash de Tiga.

A linha segue até o barulho de Flying Turns (Crash Course In Science), com maior predominância de vocais e synths rasgados/experimentais. A brincadeira se encerra com o êxtase sinestésico e instável de Total Confusion, A Homeboy, A Hippie and a Funki Dread, tendo cortes abruptos de melodia, viajando entre os sintetizadores sutis até os mais rasgados, tendo-se a impressão que se trata de um mashup que mistura as três figuras que dão nome à faixa.

Non Stop é mais do que uma tentativa de demonstrar versatilidade. A sutileza brinca com o agressivo, o baixo BPM com as rasgações percursivas, o minimalismo com o exagero. Infelizmente, aqui a prioridade não foi construir uma sensação de ânimo, mas o objetivo de lançar tendências musicais, vender esses gêneros e botar o nome de seus pupilos (mais) à mostra. O trabalho de 70 minutos evidenciou a maturidade que a Turbo adquiriu nos últimos anos e a vontade do produtor em se aproximar do que se formou e do que ele enxerga de mais atual. Percebe-se que tudo foi meticulosamente bem-produzido e, como o próprio canadense disse, escolhido de forma individual. Tendo como base várias produções, escolher apenas 28 parece um alfinete no palheiro. Cada alfinete desses é uma aposta que Tiga faz com ousadia para que Non Stop seja referência de inovação.

A compilação está na íntegra no site da Beatport disponível à venda.

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BOM PARA QUEM OUVE: Kindness, Duke Dumont, Blawan
ARTISTA: Tiga
MARCADORES: Deep House, Resenha, Techno

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King