Resenhas

Young Fathers – Tape One EP

Grupo multiétnico de Hip Hop impressiona em seu primeiro EP ao misturar referências africanas a elementos contemporâneos do estilo

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Ano: 2013
Selo: Anticon
# Faixas: 8
Estilos: Hip Hop, Dub
Duração: 20:24
Nota: 4.0
Produção: Young Fathers

Tão improvável quanto um grupo de Hip Hop vir de Edimburgo, Escócia, é o fato de o mesmo ser formado por três MC’s de diferentes partes do globo. Libéria, Nigéria e a própria Escócia são as raízes e origens do multicultural Young Fathers. Com um som que exala percussões e referências étnicas aliadas a uma atmosfera mais escura e pesada, o trio relançou a mixtape, gratuita em 2011, Tape One como um EP após assinarem um contrato com a grande Anticon.

Com oito músicas e pouco mais de 20 minutos, o lançamento impressiona do começo ao fim pela diversidade de composições, referências e pela bem sucedida conexão Reino Unido-África, dando um toque único ao grupo. Deadline mistura tambores tribais e sirenes com versos pouco rimados as quais não lembram em nada Hip Hop. Sister, logo em seguida, já coloca o lado britânico do grupo (sotaque notável) para rimar em uma música que lembra os recentes trabalhos do rapper britânico Michael Skinner, do The Streets.

O lado multiétnico lembra bastante outros grupos que ou procuraram abraçar as suas origens, como Asian Dub Foundation, ou simplesmente incoporar referências externas, como De La Soul. Rumbling é pesada com batidas sintéticas, tendência vista nos recentes Cities Aviv e Jeremiah Jae. No entanto, com rimas mais precisas e uma troca de MC’s na música, que acaba a deixando muito mais interessante.

A concentração do grupo vai além do próprio Hip Hop e acaba abrançando outros estilos, como o Dub na psicodélica Romance, canção mais melódica de todo o EP, que se destaca pela capacidade de alcançar voos mais altos ao sair de sua zona de conforto. Ramada é excelente e introduz rimas adultas as quais descrevem uma mulher e o ato sexual para depois abrirem espaço para um dos refrões mais pegajosos, tribais e libertinos do ano. Antes de acabar, Remains ainda coloca vestígios de Jay-Z no grupo, devido as boas rimas rápidas que um dos integrantes multiculturais proporciona na canção.

Tudo chama atenção e o fato de a obra ser originalmente datada do final de 2011 acaba chocando ainda mais, pois vemos muito do que obteve sucesso no gênero no ano seguinte neste EP. De forma paradoxal, em 2013, o disco soa mais compreensível aos ouvidos por não introduzir coisas novas, apesar do fato de ter sido inovador dois anos atrás. Acertadamente, a gravadora Anticon lança Tape One para alcançar um público maior e o trabalho merece tal esforço. Agora, só nos resta esperar para o aguardado lançamento do LP do trio Young Fathers, algo que deve ocorrer ainda neste ano.

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ARTISTA: Young Fathers
MARCADORES: Dub, Hip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.