Resenhas

Tegan and Sara – Heartthrob

Sétimo discos das irmãs Tegan e Sara Quin traz um olhar apurado para o Pop e grande nostalgia oitentista permeando cada uma das faixas

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Ano: 2013
Selo: Sire
# Faixas: 10
Estilos: Indie Rock, Synthpop, Indie Pop
Duração: 36:36
Nota: 3.5
Produção: Greg Kurstin, Mike Elizondo

Há alguns questionamentos frequentes quando nos deparamos como um disco como este. Um deles é se vale a pena para o artista abandonar suas idiossincrasias com o intuito de conquistar um público maior, outro – talvez o mais frequente – é até que ponto ele está se “vendendo” ou sucumbindo às pressões do mundo radiofônico para atrair novos ouvintes e até que ponto a nova sonoridade é uma evolução natural de seu trabalho. Heartthrob, o sétimo disco das gêmeas Tegan and Sara, é um ótimo exemplo dessa mudança de sonoridade para uma compatibilidade com os padrões radiofônicos sem a perda de qualidade – assim como o estopim para reacender essas velhas questões.

Se você acompanha a carreira das irmãs Quin, sabe que a mudança não é tão brusca como muita gente vem bradando por aí – ela vinha ocorrendo há algum tempo e foi acentuada neste lançamento. Aqui, elas finalmente conseguiram sair do casulo Indie que criaram para si ao longo dos anos, portanto é compreensível o susto do ouvinte ao ver que a dupla deixou o Indie Rock/Pop de lado para lançar mão do Synthpop – porém o som das moças continua tão acessível, se não mais, do que era em seus lançamentos passados.

Outro fator determinante para a sonoridade incrivelmente Pop deste álbum é a troca de produtores – sai Chris Walla (Death Cab for Cutie) e entra a dupla Mike Elizondo e Greg Kurstin. O duo, além de mexer os botões na mesa de som, conseguiu fazer com que a gêmeas saíssem de sua zona de conforto e as forçou a explorar novos ambientes para que criassem algo realmente novo (pelo menos para a carreira delas).

Prova disso vem logo com a primeira faixa do disco (e um dos primeiros singles divulgados na promoção de Heartthrob). Closer é um momento inédito na carreira do duo que, até então, só tratava os temas amorosos de forma dolorosa. Mas, agora, cria também um retrato positivo de relacionamentos e para isso os pinta com diversas cores, sintetizadores e energia juvenil (que serão vistas em forma semelhantes em Drove Me Wild e I Couldn’t Be Your Friend).

Decididamente, dizer que esse disco toma caminhos radiofônicos não é um erro. Porém, isso não faz dele menos válido ou “vendido” – como alguns podem afirmar -, só o faz mais acessível em seu exterior. Muito se fala da mudança, mas há grande continuidade na lírica das irmãs, que continua afiada e agora parece ganhar ainda mais maturidade. Aos 33 anos, elas deixam seu lado mais juvenil de lado em boa parte das novas composições – Goodbye, Goodbye, I’m Not Your Hero e Now I’m All Messed Up são expemplos disso.

Há também uma inegável nostalgia do Pop oitentista permeando cada uma de suas faixas. Sintetizadores por todos os lados, vocais à la Cindy Lauper (principalmente na faixa bônus I Run Empty), baladinhas clichês levadas ao som do piano (I Was A Fool e Now I’m All Messed Up) e outros elementos da época criam certa bipolaridade em um disco sonoramente animado (em grande parte do tempo) e realmente divertido de ser ouvido, que é inundado por letras de relacionamentos que acabaram ou rumam ao fim.

Heartthrob é um disco com teores altíssimos de Pop e bem diferente do que muita gente esperava ou imaginava vindo de Tegan and Sara. Mas, sejamos francos, não há nada mais Pop que sofrer por amor – e se levarmos isso em consideração, a irmãs Quin sempre estiveram nesse caminho.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ra Ra Riot, Passion Pit, Cat Power

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts