Resenhas

Veronica Falls – Waiting for Something to Happen

Em seu segundo disco, o quarteto londrino mantém suas referências oitentistas, mas muda a maneira de abordá-las

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Ano: 2013
Selo: Slumberland
# Faixas: 13
Estilos: Indie Pop, Twee
Duração: 37:01
Nota: 2.5
Produção: Rory Attwell

Muitas vezes, mais na cabeça dos ouvintes do que na dos próprios músicos, há aquela grande problemática de que caminhos seguir em um segundo álbum: fazer algo ligeiramente diferente, se reinventar completamente ou simplesmente seguir na mesma trilha do primeiro lançamento. Em Waiting for Something to Happen, o quarteto londrino Veronica Falls preserva suas referências, mas se desapega da fórmula de sucesso criada em seu debut homônimo.

Ainda assim, o grupo não apresenta nada realmente inovador em seu som. Novamente influenciado por artistas da fita C86, o som do quarteto está profundamente enraizado na música inglesa dos anos 80 e se baseia principalmente em estilos como Twee e Indie Pop. Isso prova que boas referências não fazem bons discos por si só, a forma como elas são trabalhadas é que o faz da obra boa ou ruim. Portanto, a impressão que fica é que a banda amontoou “velharias” sem um cuidado especial em tratá-las para as expor de forma adequada.

As canções deste disco se mostram mais ensolaradas e sem estética Lo-Fi de outrora. O resultado obtido é de um apelo nostálgico realmente contagiante, criando faixas que embalariam qualquer balada com temática dos anos 80 sem o menor problema. Suas letras, que muitas vezes falam de amor, são escritas em uma abordagem tão ingênua que reforçam ainda mais a identidade Pop retrô que o grupo busca neste lançamento. No geral, este é um álbum de Indie Pop, em um sentido referencial aos primórdios do estilo.

Além de todas estas mudanças, produção e instrumentação estão visivelmente melhores e você irá perceber isso logo na dobradinha inicial. Tell Me e Teenage criam um ambiente convidativo, mostrando os avanços e qualidades deste álbum – construções melódicas pegajosas, vocais femininos adocicados (eventualmente um backing vocal masculino) e guitarrinhas vibrantes que aparecem o tempo todo serão vistos não só aqui, mas também em grande parte das faixas restantes.

Portanto, a partir deste ponto, você já presenciou grande parte da gama sonora que o quarteto traz ao disco – uma ou outra mudança ou elemento será introduzido, mas estes momentos são raros e não adicionam muito ao disco. Alguns destes pontos tangenciais ficam claros em If You Still Want Me, que traz um pouco da aura da New Wave, e Buried Alive, com seus contornos do Post-Punk, mas, se você bem notou, as duas “novas” referências também são da década de 80, o que pode favorecer ainda mais a sensação de “mais do mesmo” ao decorrer das faixas.

A impressão que fica de Waiting for Something to Happen é que as influências permanecem as mesmas, mas a maneira como o grupo as trata mudou completamente. Ainda que pegajosas e Pop, suas músicas criam pouca mobilidade dentro do disco – que parece preso a moldes pré-estabelecidos, além de estar preso no tempo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Widowspeak, The Babies, La Sera
MARCADORES: Indie Pop, Twee

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts