Resenhas

The Shins – Port of Morrow

O primeiro disco da banda de James Mercer na nova década revela a maturidade de seu som, que sabe trabalhar a experiência que acumulou nos últimos anos e, ao mesmo tempo, utilizar os elementos que são tendência na música hoje

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Ano: 2012
Selo: Columbia
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Indie Rock, Indie Pop
Duração: 40:10
Nota: 4.5
Produção: James Mercer, Greg Kurstin
Livraria Cultura: 29564640

Rumo ao futuro, a banda The Shins – uma das que mais marcaram os anos 2000 – desembarca na nova década com o seu Port of Morrow (“Porto do Amanhã”, em português), disco que mostra a relevância que a banda ainda possui no cenário Indie.

Suas dez faixas trazem os elementos que consagraram a banda desde Oh, Inverted World (2001) – o vocal emocionado de James Mercer, letras divertidas com um quê de melancolia, guitarrinhas bacanas – sem medo de flertar com os sons que são e foram tendência nesses cinco anos sem lançamentos do Shins.

São pequenos ruídos, flertes com outras décadas, uma pegadinha eletrônica aqui e outra ali. Tudo muito 2012, sem descaracterizar de maneira alguma o som que os fãs já estão acostumados a ver nos discos e shows.

O primeiro single, Simple Song, cumpriu seu papel de anunciar o álbum e consegue ficar ainda melhor em seu devido contexto como segunda faixa, logo após a abertura com a bem construída The Rifle’s Spiral e seguida por It’s Only Life, com tons de Pop e até mesmo uma brisa Country de leve para acompanhar o falsete de Mercer.

Daí pra frente, temos um disco que se mostra completo com a nostalgia do Pop Rock dos anos 80/90 com No Way Down, a despretensiosa e quase ingênua For a Fool (“me fizeram de bobo, acho que eu sou mesmo bobo”) e a animada Bait and Switch, que brinca com a intersecção de gêneros que caracteriza o cenário Indie ao fazer um som que dificilmente pode ser explicado em poucas palavras.

Fall of ‘82 é aquela música tranquila, mas nem tanto, enquanto September é uma baladinha gostosinha de ouvir e 40 Mark Strasse é aquela baladona que todo bom álbum parece precisar ter. Depois dela, vem o encerramento com a faixa-título, que se mostra a mais diferente do disco (e, talvez, a melhor de todas), quase inteiramente com o vocal no falsete e uma ambientação atemporal que lembra qualquer época dos últimos 40 anos no Rock.

Concluir a obra com essa música é uma maneira de apontar a direção que a banda pode seguir daqui pra frente. E, se chegar ao “Porto do Amanhã” implica em produzir hoje com a bagagem que o passado nos deixou acumular, o Shins mostra que tem mais um grande disco (já é seu quarto) para contar como experiência e seguir fazendo boa música sem ignorar o que acontece ao seu redor.

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BOM PARA QUEM OUVE: Radiohead, Ok Go, Bombay Bicycle Club
ARTISTA: The Shins

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.