Resenhas

Chelsea Light Moving – Chelsea Light Moving

Disco que remete a muita coisa já produzida anteriormente por Thurston Moore, com algumas faixas muito boas, mas nada sai das sombras do que o Sonic Youth já fez

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Ano: 2013
Selo: Matador Records
# Faixas: 10
Estilos: Noise Rock, Rock Alternativo, Indie Rock
Duração: 50:24
Nota: 3.5

“Continuidade”. Esse é um conceito que quando aplicado à música pode ser às vezes bem confuso. Se por um lado ele, assim como a inércia, pode indicar progressão, por outro, ele pode indicar a falta dela. E infelizmente na estreia homônima do Chelsea Light Moving parece ocorrer mais essa segunda conotação do conceito.

Não que Thurston Moore faça um autoplágio de seu trabalho, ao lado de Lee Ranaldo e sua ex-mulher Kim Gordom no seminal Sonic Youth, mas muita da sonoridade apresentada aqui remete ao que ele criou ao longo das décadas que passou em sua ex-banda. Em seu novo quarteto, Thurston mantém suas principais qualidades que o tornaram um herói de sua geração: sua poesia boêmia, as guitarras agressivas e barulhentas e a estética Lo-Fi continuam intactas aqui, mas também existe certa sensação de pouca progressão na sonoridade de um músico que sempre inovou muito em cada novo trabalho.

Cada uma das nove músicas inéditas (sendo a décima e última faixa um cover de Communist Eyes dos punks californianos do Germs) pode trazer lembranças dos trabalhos anteriores do músico. Mesmo que não seja apresentada no formato acústico, a abertura Heavenmetal pode lembrar o clima harmonioso e tranquilo de Demolished Thoughts, enquanto a simplicidade e aspereza de Sleeping Where I Fall podem remeter às primeiras experimentações do Sonic Youth, em Confusion Is Sex ou Bad Moon Rising. Da época do icônico Washing Machine, há Burroughs e suas guitarras dicotomicamente melódicas e cheias de noise, que são salpicadas aqui e ali com um tempero Pop.

A guitarra de Moore se revigora em Alighted, faixa que apresenta um quê do Sludge Metal com seus contornos cavernosos, abrasivos e angulares, e que definem o ponto mais fora da curva de todo o disco – talvez a única real “inovação” vista aqui. Faixas como Empires Of Time e Lip, mesmo com suas tendências do Punk, podem lembrar épocas mais brandas e melódicas do Sonic Youth, como em Murray Street, por exemplo. Nesse mesmo caminho, Mohawk retrocede a este mesmo período, mas também apresenta grande inspiração na poesia musicada de The Black Angel’s Death Song, de Lou Reed e seu The Velvet Underground.

Mesmo os singles Groovy & Linda e Frank O’Hara Hit lembram bastante a aura autoindulgente e experimental de seu primeiro projeto e, no fim das contas, Chelsea Light Moving me parece mais um presente aos fãs saudosistas de Sonic Youth do que realmente um novo projeto encabeçado pelo seu criador. Ainda sim, é um apanhado de boas faixas que em simbiose criam um registro muito aprazível.

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BOM PARA QUEM OUVE: Sonic Youth

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts