Resenhas

School of Seven Bells – Ghostory

Em seu terceiro álbum sem um dos membros fundadores, o agora duo consegue criar um trabalho conceitual nos contando sobre as dores, angústias, experiências e memórias dos amores e ódios de uma personagem

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Ano: 2012
Selo: Vagrant
# Faixas: 9
Estilos: Dream Pop, Shoegaze, Eletrônica
Duração: 45:20
Nota: 4.5
Produção: Benjamin Curtis
Livraria Cultura: 29607605

“Um conto sobre uma garota chamada Lafaye e os fantasmas em sua vida”. É assim que a agora dupla School of Seven Bells (ou SVIIB se você preferir) define a idéia por trás desse álbum. Ghostory é aberto com os versos “The light of day gives me no relief, because I see you in everything”, iniciando o exorcismo dos tais fantasmas da vida de sua personagem principal em um som que vaga entre o sonhador e o etéreo, com letras às vezes abstratas e às vezes obscuras.

Esse já é o terceiro disco da banda que começou como um trio, formado por Benjamin Curtis e as gêmeas Alejandra e Claudia Deheza, em 2007, um ano antes de lançarem seu primeiro disco. A saída de Claudia em 2010 deixou bastante gente preocupada. Qual seria o futuro da banda sem o duo de vozes que a consagrou? Mesmo em estúdio, com as melhores técnicas de gravação, é difícil criar essa energia que as duas tinham juntas.

Deixando toda essa preocupação de lado, a dupla Alejandra e Curtis botaram a mão na massa e criaram um ótimo disco. Esse é o primeiro trabalho conceitual da banda, a primeira aspiração a algo maior. Os vocais de Alejandra, agora sozinhos, engrandeceram muito o álbum junto das suas batidas dançantes divididas em várias camadas, tirando qualquer dúvida de quem não sabia se os dois músicos repetiriam a qualidade do som que faziam como trio.

O som da banda nessa nova fase pode ser descrito como “Dream Pop propulsivo” com suas fortes batidas, e diversas camadas. Brilhante e frio, o disco apresenta essa dualidade, mas ele no fundo tem um toque de confidencialidade muito grande, permitindo com que muita gente possa se identificar com as letras e histórias de Lafaye.

The Night traz um pouco dos elementos que compõe o disco, como a forte presença rítmica da New Wave dos anos 80 e o uso dos sintetizadores (que também nos remetem a essa vibe oitentista). Umas das melhores faixas do disco é Low Times que apresenta um Shoegaze dançante com sua forte batida e guitarras ao fundo. No mesmo clima, When You Sing fecha o álbum em seus mais de oito minutos apresentando uma empolgante batida e uma série incrível de riffs de guitarra.

Deheza constrói todas suas letras para contar a historia da protagonista, sua vida, experiências e memórias de quem ela ama e odeia. Mesmo o disco não contendo uma narrativa bem traçada, ele nos conta vários momentos e vários fantasmas do passado de LaFaye. O mais importante de Ghostory é dizer que todos nós temos fantasmas, e que podemos lidar com eles.

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BOM PARA QUEM OUVE: Frankie Rose, M83, Grimes

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts