Ao invés de um álbum convencional, The Outside Dog optou por lançar seu Outros Caminhos em três EPs. Mesmo assim, esta Parte 1 já chega com cara de obra fechada, com quatro faixas sólidas que funcionam bem juntas e funcionam bem por si só. Como o nome denota, se trata de uma nova fase da banda e o primeiro registro com Rafael Elfe, o recém-agregado quinto integrante, nos vocais e violões. Além da formação, a novidade da vez fica por conta da língua portuguesa substituindo o inglês cantado no primeiro álbum.
A transposição para o nosso idioma não foi problema, mas ela não veio sozinha. Minha impressão é que o Folk Rock foi ao longo do tempo deixando de ser um exercício estético e se diluiu em um estilo mais orgânico. Dá pra sentir uma pegada de Rock mais clássico e alguma brasileiridade além da língua – o que é muito bom por não esbarrar na identidade do grupo, mas conseguir acrescentar mais personalidade.
Isso fica muito claro logo em Contramão, a música inaugural do EP. Os violões e gaita de abertura, que logo encontram os outros instrumentos, se parecem muito com tudo o que a banda já fez antes, mas os vocais alternados dos cantores e a atitude roqueira da letra logo apontam as novas características. Dias de Chuva, na sequência, tem backing vocals mais Pop para o instrumental bem trabalhado de sempre.
E a maneira com que a banda trabalha os diálogos entre os timbres é sua melhor característica também ao vivo. E o disco acaba tendo uma sensação de jam, com um instrumento completando bem um o outro, assim como as vozes fazem. Esperança é talvez a faixa que melhor mostre isso.
Seu título denota também um dos temas principais entre as composições. Elas falam de conquistas e reencontros, completando com otimismo a pegada “pra cima” das músicas. É Preciso Lutar fecha o lançamento na promessa de espaço para o que virá depois, mas funciona direitinho com encerramento aqui também, inclusive com uma virada na segunda metade que a caracteriza ainda mais como a apoteose ideal.
The Outside Dog nunca esteve na estrada errada para precisar procurar “outros caminhos”, mas conseguiu arriscar outras direções sem se perder no trajeto, o que é sempre uma infeliz possibilidade quando se mexe no tal “time que está ganhando”. Que venham os dois próximos EPs!