Resenhas

Wax Idols – Discipline & Desire

A década de 1980 é muito lembrada no som Post-Punk deste grupo feminino, resultando em uma obra mais lembrada por suas referências do que por sua qualidade

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Ano: 2013
Selo: Slumberland Records
# Faixas: 10
Estilos: Post-Punk, Rock Alternativo
Duração: 36:00
Nota: 3.0
Produção: Wax Idols

Wax Idols é uma banda de meninas que emulam a década de 1980, um período um tanto estranho sob diferentes ópticas: política, econômica e, principalmente, cultural. Uma época em que a música ganhava ao mesmo tempo ares mais alegres, como a New Age do Talking Heads, e outros mais obscuros, como o Post Punk do Joy Division. Pegando um pouco deste tempo, a banda só de mulheres lançou o seu primeiro disco, chamado Discipline & Desire.

Lembrando os anos 1980 em uma atmosfera dark criada nas músicas e na imagem que o grupo passa, as artistas fazem um som muito mais pesado que o visto no período. Amantes da distorção alternada com um baixo ligado principalmente aos versos cantadas, faixas como Stare Back explodem na cabeça e assustam os ouvintes esperando um som “bonitinho”, só por ser feminino. Algo que se repete em canções como a pesadíssima Sound of a Void, enérgica e assustadora em algums momentos.

Toda essa energia é dissipada, no entanto, e algumas inspirações começam a se mostrar mais claras, como The Scent of Love, que parece ser tirada de uma copilação de músicas da “década perdida”. A linha de guitarra é impressionante e lembra muito Echo & the Bunnymen, por exemplo.

É assim que o grupo caminha ao longo de toda sua estreia, pegando apanhados de referências relativas a esta época e jogando bastante energia feminina. O resultado é bonito e divertido, mas nada que seja realmente inovador ou revolucionário. Os momentos mais Punk do grupo chamam um pouco mais atenção, como a viciante Formulae, que lembra alguns momentos da icônica banda The Breeders.

Eu, particularmente, aprecio os momentos em que temos um trabalho de voz interessante, como The Cartoonist com seus backing vocals que dão um clima mais viajado, antes de tornar somente uma explosão de distorções. O baixo nesta canção é bem trabalhado, realizando uma introdução muito criativa. A psicodélica Elegua mostra que o grupo sabe complementar bem as suas energias e inspirações.

No entanto, como pode ser visto, o som delas sempre lembra algo anterior, o que nos leva à questão: existe originalidade neste disco? Sob alguns olhares sim, mas claramente ele é mais lembrado por figuras externas do que a sua qualidade interna. No final o Wax Idols mostra que tem raízes bem fincadas em uma década que talvez não tenha sido tão utilizada assim atualmente, mas que tirando o fato de ser composta por mulheres, não traz tantas novidades assim, levando, entretanto, os fãs das bandas supracitadas a se deliciarem. Se a década de 1980 foi um limbo cultural e econômico, período de purgatório da humanidade, o grupo ainda encontra-se neste patamar e buscando chegar ao Éden.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Smiths, Joy Division, The Cure
ARTISTA: Wax Idols

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.