Umas das minhas maiores surpresas esse ano foi esse EP, um disco com somente duas músicas de uma banda que já havia ouvido falar, boas criticas, mas nunca parei pra ir atrás. Fulminantemente, ele surpreende com seus arranjos e melodias introspectivas, esse é aquele tipo de música que estiver preparado vai se identificar na hora, sem nenhum esforço para isso.
Às vezes é difícil conseguir rotular tudo, deixar isso em um gênero ou outro, tendências disso ou daquilo. E pode parecer clichê dizer isso, mas o som do Tape Disaster é assim. A complexidade instrumental alcançada em A voz do Fogo consegue nos dar um nó quando se trata de rotular sua música.
Com tantas referencias e a dificuldades na classificação, a melhor definição que posso dar ao trabalho deles é a que eles mesmos deram “Música feita com a alma”. A auto-suficiência nos instrumentos no quarteto consegue dispensar um vocalista, toda a mensagem a ser a passada esta carregada na notas de cada instrumento.
Inspirado no livro de Alan Moore, em que diversas historias são contadas com um fator em comum, a voz do fogo, o EP nos leva a esse mesmo ponto onde a historia acontece, nos colocando como personagem principal, é hora de criarmos a nossa versão a nossa imagem do que o livro nos passa.
Em cada acorde de guitarra, cada groove de baixo, cada batida pode se sentir um grande misto de emoção, paixão, introspecção. Mais do que ver os quatro integrantes, podemos nos ver em cada música, nos sentir em cada acorde.
O quarteto de Porto Alegre consegue em doze minutos e duas músicas mostrar um EP completo mostrando grande maturidade e experiência mesmo estando em seu segundo EP. A voz do fogo consegue nos contar um pouco mais sobre nós mesmos, sem que nada precise ser dito.
