Resenhas

Knife Party – Haunted House

Apesar de só ter quatro faixas e uma proposta superficial, EP mostra engajamento, novidades e possibilidade de vários singles

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Ano: 2013
Selo: EarStorm
# Faixas: 4
Estilos: Dubstep, Electrohouse, Tribal
Duração: 19:02
Nota: 3.5
Produção: Rob Swire, Gareth McGrillen

Alguns previews e muito suspense: Essa é a fórmula que muitos produtores vêm usando nos últimos anos para divulgação de um trabalho. Usando essa receita desde o início do ano, Knife Party liberou a prévia de duas faixas e outra na íntegra pela blogosfera. Por conta disso, sem muita novidade e a três dias de seu lançamento oficial, o stream completo de seu terceiro álbum, intitulado Haunted House, caiu na rede.

Com três músicas e um remix, o EP se distancia de qualquer ambição conceitual. Knife Party surgiu na cena como maior nome nos últimos dois anos e sempre marcou suas produções com autenticidade no barulho. As faixas, sempre carregadas dos sintetizadores rasgados, conseguiram levar a dupla australiana ao ápice do gênero Dubstep ensinando que o Electrohouse nem sempre chega ao topo. E com somente esse intuito, o duo fez Haunted House, um EP com a proposta elevar uma pista de festival à loucura. Sem mais ou menos.

Power Globe dá início ao álbum com uma intro magestral, com direito a falsetes de ópera e muito flanger, para uma overdose de bateria e sintetizadores distorcidos que lembram, inclusive, a estrutura de Internet Friends. Em seguida, LRAD mostra que Knife Party quer se aproximar do EDM com uma intro típica do gênero. O build up da faixa é construído de forma progressiva e lenta até um drop percursivo que, como falamos em um artigo, está muito comum nas produções ultimamente (GTA, Swedish House Mafia e Nari já estraram na onda) e amplamente aceito em festivais. É muito interessante a tática que usaram na execução da faixa, com um drop também percursivo, mas mais agressivo e que mescla incrivelmente com o Electrohouse. E, para encerrar, EDM Death Machine já começa com um vocal em vocoder em uma estrutura com pack, também, bem parecida com Internet Friends (inclusive com parte que se dedica apenas samples mecanicos) até cair em um drop acelerado com uma série de fisgadas em sintetizadores rasgados e um vocal “GO GO GO!”. A segunda parte foge da proposta da música com forte influência Techno dos anos 80 até voltar ao mesmo primeiro drop.

Em adição ao trabalho, foi lançado oficialmente o remix do VIP para Internet Friends. Para os fãs da faixa que estourou os australianos em sua estreia 100% No Modern Talking, nessa versão troca-se o “and now you’re going to die” por “and now you’re going to get fucked up” e um build up dobrado com os samples de Psicose* para um drop mais acelerado e intenso que o original. Na segunda parte da música, o mesmo drop é construído quase que de forma igual porém com BPM na metade. Resultado é influência pesada de Dubstep para fechar o remix.

Rob Swire e Gareth McGrillen, os nomes por trás do Knife Party, já passaram da fase de conquista de público e crítica. Cresceram ao ponto de escolher onde e como tocam, já são escalados como headliners de grandes festivais e estão na fase de ouro. É compreensível a ideia imediatista de lançamento de um EP somente pela “estética” ou necessidade, mas é inevitável não questionar o outro lado. Poderiam sim ter dedicado um tempo maior em estúdio para o lançamento de um CD, visto que eles podem passar sim uma mensagem optando somente por produções Dancehall “fast-food”, mas impondo um estilo que é muito particular do próprio Knife Party.

É possível também observar uma aproximação do comercial vindo para os lados do EDM. A ideia pode parecer uma furada para alguns fãs, mas parece uma estratégia certeira para agregar ainda mais público. Eles não se distanciaram do Dubstep nem pegaram leve no Electrohouse para isso. Além disso, vieram com a novidade percursiva mostrando que estão preocupados sim em manter uma plateia ativa com elementos novos. Ponto pro Knife Party. A premissa aqui foi o seguinte: “Se você não tem nada bom para produzir, não produza”. Haunted House pode ser pequeno e ter uma proposta um tanto quanto superficial, mas mostra engajamento, novidades e três faixas que facilmente têm potencial para ser singles.

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BOM PARA QUEM OUVE: Karettus, Krewella, Skrillex
ARTISTA: Knife Party

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King