Resenhas

Colin Stetson – New History Warfare Vol. 3: To See More Light

De volta com os loopings de saxofone, obra pode agradar alguns e desagradar a outros em meio a uma mistura de sentimentos e experimentalismo

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Ano: 2013
Selo: Constellation
# Faixas: 11
Estilos: Avant-Garde, Jazz, Experimental
Duração: 51:39
Nota: 3.0

É muito provável que você já tenha se deparado com Colin Stetson indiretamente. O multi-instrumentista, mas sumariamente saxofonista, já figurou em discos de outros artistas como em Neon Bible e The Suburbs do Arcade Fire, Metals da Feist, e no homônimo de Bon Iver. Entretanto, sua carreira solo é anterior a esse período. Logo em 2003 estreava com seu primeiro disco de estúdio, e chega agora com o terceiro volume de suas “novas histórias de guerra”, com New History Warfare Vol. 3: To See More Light.

Mais emotivo que os outros dois primeiros volumes, o álbum traz canções que são um mix de sentimentos se apresentando hipnótico, frenético, esquizofrênico, perturbador, alucinante, envolvente e tocante. Com a volta de seus loopings e overdubs – principalmente nas linhas de saxofone – a obra com certeza divide opiniões, podendo soar complexa e as vezes disonexa para alguns ouvidos, mas envolvente e sublime, que dependerá do ouvido de cada um.

A primeira faixa, And in Truth abre o disco, e nos passa uma mensagem, ainda que curta (dois minutos), etérea e marcante principalmente pelos vocais com ares de coral que a faixa apresenta em meio à linha de saxofone de fundo, que se repete na faixa seguinte e em outras tantas do álbum, podendo ser enxergada como um ponto de repetição massiva e que perde a beleza se fosse talvez melhor dosada.

Uma das faixas que merece destaque é Brute. Fazendo jus ao nome, ela carrega um peso instrumental de níveis claustrofóbicos e agoniantes juntamente com uma gritos dignos de Black e Death Metal. Desse modo, Colin sai de sua zona de conforto, e sem medo de errar, consegue se sair muito bem nessa experimentação.

Em To See More Light, que leva o subtítulo da obra, novamente se vê uma presença massiva do saxofone. A longa faixa, com 15 minutos de duração, é preenchida por riffs repetidos crescentes e decrescentes em volume, que mais adiante tem seu clima caminhando para batidas e camadas graves, dando uma tônica mais entorpecente à faixa, mas que não foge das características dos loops.

Na sequência temos What Are They Doing in Heaven Today, a mais bonita de todo disco. Composta de um belo coral, aos moldes gospel, que hora entra e hora sai do “palco”, deixando foco para a voz principal – masculina, melodiosa e presente. Tudo isso, claro, em meio aos loopings de saxofone.

Curiosamente, apesar dos seus 51 minutos, o álbum não chega a ser massante. Entretanto, observado isoladamente, a utilização intensa dos loopings das semelhantes linhas de saxofones em boa parte das faixas (em um primeiro momento vistas como elemento interessante), acabam se tornando cansativas, e desse modo, o diferencial em questão perde o brilho

COLIN STETSON – High Above A Grey Green Sea

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).