Resenhas

Fitz And The Tantrums – More Than Just A Dream

Banda diverte em seu segundo disco que tangencia o verdadeiro Soul com uma pegada bastante Pop, cheio de hits poderosos e grudentos como “Out of My League”

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Ano: 2013
Selo: Elektra Records
# Faixas: 12
Estilos: Neo Soul, Indie Pop, Pop
Duração: 43:08
Nota: 4.0
Produção: Tony Hoffer
SoundCloud: /tracks/89650238

Se há algo interessante na música Pop atual (das últimas duas décadas) é a presença de formações que se arrogam dignas do epíteto de “artistas de Soul Music”. Num balaio bem maior que o ideal, foram colocados gente como Sharon Jones, Amy Winehouse, Selah Sue, Adele, Mayer Hawthorne e Charles Bradley. Claro, há escalas, diferenças e, sim, erros de julgamento. Amy nunca foi uma cantora Soul, por exemplo, enquanto Bradley e Sharon estão bem próximos do que seria a pedra fundamental do estilo, partindo de porradas da vida em forma de música até chegar à redenção, também pela música. No meio do caminho estão vários artistas que tangenciam essa estética, entre eles, o sexteto de Los Angeles, Fitz And The Tantrums.

Seu primeiro EP, Songs for a Break Up, Vol. 1, foi lançado em 2009, com influências convincentes do que se chamava de Northern Soul, aquela sonoridade de bandas menos famosas (pretas ou brancas) das quais gente como Roger Daltrey e Pete Townshend eram fãs na virada dos anos 60/70. À medida que o tempo foi passando, sua marca sonora passou por um processo de enbranquecimento, o que não foi exatamente maléfico. O disco de estreia, Pickin’ Up The Pieces, lançado em 2010, também vinha com um forte acento de Northern Soul, porém mostrava uma interessantíssima variação desse estilo. Moneygrabber, o hit do álbum, remetia ao que Daryl Hall & John Oates, mestres supremos do Pop Soul setentista/oitentista, costumavam fazer em seus dias de glória. Na cartilha da boa música popular, há dois itens que, caso obtidos, demonstram a excelência de uma nova banda: a capacidade de fazer uma boa balada romântica e conseguir forjar uma bela canção Pop grudenta. O segundo item já não é mais problema para os rapazes: seu novo disco, More Than Just A Dream, lançado em 07 de maio deste ano, é puxado por um single que traz alto potencial grudento, Out Of My League.

Sai de campo o Northern Soul sessentista e suarento para a entrada do Pop soulzinho dos anos 80, no sentido Hall/Oates do termo, em grande glória. Mesmo que o disco dê prosseguimento à tendência de abraçar a música dançante de matriz oitentista (bem próxima do que bandas menores como A-Ha ou Flock Of Seagulls fizeram), o DNA negão ainda está em algum lugar da música de Fitz. Talvez esta mudança de rumo seja por conta da presença do produtor Tony Hoffer, que já trabalhou com Beck e M83, explicando a debandada para a pista de dança em cujo teto pende um glorioso globo de espelhos. Movimento semelhante foi tentado pelos ingleses do Keane quando decidiram gravar seu terceiro disco, Perfect Symmetry, em 2008, com bem menos êxito.

Além da beleza que é Out Of My League, a banda enfileira outros acertos com cheiro de 80’s, como é o caso de Spark, que consegue escapar da maldição dos corais com “ô, ô, ô” lindamente. Além dela, Fool’s Gold e Keep Your Eyes Out equilibram a matriz do Pop dourado dos 60’s com o clima dos 80’s, de um jeito que, perdoem a repetição, Hall & Oates sabiam fazer magistralmente. Ao fim do disco, a presença da invocada Get Away e da arenística Merry Go Round mostram que Fitz And The Tantrums ainda não acharam o tom exato de sua sonoridade e continuam procurando. Enquanto isso não ocorre, vamos nos divertindo com suas belas tentativas.

Out Of My League

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BOM PARA QUEM OUVE: Mika, Cee Lo Green, Mayer Hawtorne
MARCADORES: Indie Pop, Neo Soul, Pop

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.