Resenhas

Dean Blunt – The Redeemer

Essencialmente este é um disco sobre fins de relacionamentos, abordadas de forma inventiva e curiosa pelo enigmático músico

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Ano: 2013
Selo: Hippos In Tanks
# Faixas: 19
Estilos: Experimental, Eletrônico Experimetal
Duração: 43:58
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/76753025
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fthe-redeemer%2Fid638

Essencialmente este é um disco sobre fins de relacionamentos. E o enigmático Dean Blunt o construiu com todos os elementos que podem remeter a estes tristes momentos: dolorosas baladas ao violão, muitos instrumentos de corda (harpas, violinos, violoncelos e guitarras), o som do mar, mensagens de voz deixada ao telefone, letras pesarosas e, eventualmente, o silêncio é que conduz as densas, erráticas e confusas faixas de The Redeemer.

Rompimentos são confusos, e pelo que parece, Blunt tentou traduzir essa experiência em sua música e o resultado não poderia ser diferente: desordenado, caótico, ambíguo, mas, sobretudo interessante. A forma com que o músico expressa toda essas confluências de sentimentos, que cobrem uma gama desde a profunda tristeza até a sensação de liberdade, é de certa forma perturbadora e se você já passou por momentos como este a identificação com a proposta (talvez nem tanto com a musicalidade) vai vir quase que espontaneamente.

A dobradinha I Run New York/The Pedigree abre o disco com um destes momentos regados a muitas cordas e introduz o grande clima nostálgico e depressivo do álbum. Nesta segunda faixa, Blunt apresenta seus ritmos letárgicos e sua voz profundamente teatral. Em Demon começam as pirações do músico, colocando batidas mais ecoantes e rápidas e um diálogo com um robô (“What you did was wrong… wrong”), introduzindo também alguns barulhos (neste caso um copo quebrando).

O álbum segue todo desconexo e fragmentado, cada faixa trazendo uma surpresa. Em Flaxen o músico incorpora um coral e harpas à faixa; em V, mensagens ao telefone. Na faixa-título, Blunt convida sua companheira de Hype Williams, Inga Copeland, e faz também referência à Get a Life, de Bobby Womack. Seven Seals of Affirmation e Walls of Jericho trazem um clima costeiro ao disco, enquanto a primeira traz um belo violão dedilhado, em cima samples de ondas, a segunda usa novamente os violinos e um insistente bend nas cordas da guitarra.

O mais impressionante é que o álbum acumula 19 faixas, porém não somam mais de 44 minutos. Durante toda sua duração o ouvinte é apresentado a um novo elemento ou uma nova ideia de Blunt, mas sempre amarrando sofrimento e melancolia nesta temática principal do álbum (as baladinhas Make it Official e Papi comprovam isso no maior estilo Soul/Jazz.) Mais uma bela balada, desta vez ao piano, fecha o álbum. Brutal encerra a saga de separação de Blunt quase tão confusa e densa como começou.
The Redeemer é um disco para ser sentido e não para ser pensado, até por isso ele contempla todas estas referências sinestésicas. Se, de um jeito usual (abordado intelectualmente) ele pode não parecer conexo, em um nível sentimental ele faz todo o sentido e consegue musicar grande parte da sensação de perda (às vezes em si mesmo) depois de uma separação. Longe de ser um disco de “pé na bunda”, ele aborda o tema de forma mais profunda e emocional.

Dean Blunt – Papi

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts