Resenhas

Man or Astro-Man? – Defcon 5…4…3…2…1

Novo disco do grupo, em mais de doze anos, coloca de novo a Surf Music nos holofotes em mais uma coleção de grandes músicas do gênero

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Ano: 2013
Selo: Warm Electronic Recordings
# Faixas: 12
Estilos: Surf Music, Garage Rock, Punk Rock
Duração: 35:42
Nota: 3.5
Produção: Man or Astro-Man?

Defcon é uma expressão utilizada pelo departamento de defesa norte-americano e representa um alerta de postura das forças armadas. Graduado de um até cinco, demonstra o quanto o exército está preparado para um possível ataque ou guerra. Algo como a famosa frase da música brasileira, “pode vir quente que eu estou fervendo”. É assim que o Man or Astro-Man? retorna aos holofotes com o seu primeiro disco em 12 anos, entitulado Defcon 5…4…3…2…1: explosivo.

São representantes de um estilo que mistura os já homogêneos Surf Music e Garage Rock, mas com um leve toque futurista de vozes robóticas e um ar de ficção científica. A melhor analogia ao seu som seja, talvez, a do Surfista Prateado dando um rolê pelo espaço cósmico. Com uma passagem por terras tupiniquins no ano passado, realizando concertos tanto na Virada Cultural como no Cine Joia, o grupo volta em bom forma neste trabalho.

Aqui oscilamos entre momentos mais distorcidos, intensos e outros mais dançantes como a própria Surf Music exige. Temos cinco faixas intituladas Defcon, cada uma representando um estado de espírito do grupo. A primeira, Defcon 5, é obviamente a mais explosiva e demonstra o controle entre graves e agudos que grandes bandas dos anos 90 sempre souberam realizar. Logo em seguida, Antimatter Man, mais uma referência a ficção, continua a toada de Garage Rock do grupo, enquanto os vocais agressivos mais aprazíveis do vocalista Star Crunch fazem desta uma boa faixa de abertura.

No entanto, os grandes momentos do disco, como a banda sempre procurou fazer estão nas faixas instrumentais com alguns pequenos vocais robóticos. All System to Go é clara exemplo de uma excelente faixa surfista, com referências espaciais e uma levada dançante na bateria. Pense em Pulp Fiction, só que no espaço e você poderá ter uma pequena idéia do que estamos escutando aqui.

Todas são as Defcon são instrumentais, e Defcon 4 é o momento mais industrial e eletrônico do álbum, um clara interlúdio entre as partes do disco. Defcon 3 já traz maiores distorções e fará você ir correndo atrás de uma prancha de surf, ou simplesmente ligar no canal Off para poder sentir as vibrações desta música. O interessante desta música é que ele reproduz muito bem o movimento oscilatório das ondas através de riffs cintilantes, ao mesmo tempo que os pratos da bateria e as distorções são usadas para representar a quebra das ondas, dando um “caldo” ou não em quem a escuta.

Communication Breakdown Part II reproduz quase um diálogo fictício entre uma nave espacial e sua base “Check, check, something is going on, radio is down, we lost comunnication diz Star Crunch antes de uma outra transição pelas frequências de longo alcance do espaço. O melhor momento fica para a transição entre Defcon 2 e Defcon 1, ou seja, na iminência de um conflito. Curiosamente, Defcon 2 é a música mais psicodélica de todo o disco com uma utilização hipnotizante de sintetizadores, algo que não representaria em uma situação real um belo chamado de defesa. No entanto, os astronautas do grupo vêm tudo de longe, sem conseguir escutar o que está acontecendo na Terra devido ao grande vácuo espacial. New Cocoon é o novo abrigo do grupo, que se vê sem um lar e uma casa dado que “the world colapsed”. E Defcon 1* retorna os melhores aspectos da Surf Music é uma excelente música de encerramento, bem no estilo de Tarantino encerrar os seus filmes com o soco no estomâgo de seus espectadores.

Apesar de o disco não trazer grandes inovações ao som de Man or Astro-Man?, ele demonstra que, mesmo doze anos após o seu último trabalho, o grupo ainda consegue desempenhar sua função muito bem musicalmente. Em uma coleção de Surf Music extremamente interessante e divertida, a banda prende atenção do ouvinte por pouco mais de 35 minutos, e ao final, repetir o disco não soa como uma má idéia. Se você é um daqueles saudosistas dos anos 90 ou simplesmente algum amante da trilha sonora para as ondas, certamente irá se deliciar com este álbum.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.