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Como se abrisse seu diário ou caderno de rabiscos e rascunhos íntimos, Ana Larousse lança um disco pessoal, belo e caloroso. Tudo Começou Aqui narra sentimentos e sensações como em uma poética conversa entre amigos.
A curitibana, com ajuda do produtor Rodrigo Lemos (Lemoskine, Naked Girls and Aeroplanes) e amigos como Leo Fressato e Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), criou uma obra calorosa, com cheiro do chá saindo da xícara em uma tarde nublada de fim de semana, em meio a confissões ao pé do ouvido e sorrisos cúmplices.
Se você perceber na introdução com Vai Menina alguma postura imponente e se sentir intimidado, a segunda faixa, Café a Dois, esclarece de uma vez por todas o caráter amigável do álbum, descrevendo uma situação do passado como se mostrasse fotografias guardadas em uma caixa de sapatos no alto do armário.
É tudo muito caseiro, familiar, e Ana é toda muito feminina, toda fofa, então você logo se sente íntimo dela e de suas histórias. A sequência Menino Maroto, Olha o Tempo e Meu Momento Big Bang é divertida e ajuda o clima a permanecer leve. A Menina que Apagou retorna à melancolia trazendo apenas voz e violão, gravadas no sótão de uma casa durante uma chuva – pequenos detalhes que conferem muita alma à obra.
Informações como essa estão nos relatos sobre as gravações e composições por toda a arte do álbum, mais um toque de pessoalidade para a produção. A sequência final, com a fofíssima A Desenhista, a agitadinha Algo como essa Canção, A Paz do Fim – que, como o nome sugere, aparece como o encerramento ideal para o disco – e a bônus Valentine et la Chanson d’Hiver, em francês, mantém a mesma qualidade e os sorrisos das anteriores.
Para quem conhece Ana Larousse com este disco, Tudo Começou Aqui marca também o início de uma boa amizade com sua arte, daquelas que te deixam feliz quando você lê em algum lugar que ela está na sua cidade. Parece até que você não vai só até o show para vê-la, mas sair para um café depois e colocar o papo em dia.
Você pode baixar o disco na Musicoteca.
