Resenhas

Alice in Chains – The Devil Put Dinossaurs Here

Banda ícone do Grunge da década de 90 soube inovar em seu novo disco, sem desconsiderar suas raízes

Loading

Ano: 2013
Selo: Universal
# Faixas: 12
Estilos: Grunge
Duração: 67:16
Nota: 4.0
Produção: Nick Raskulinecz
Itunes: https://itunes.apple.com/br/album/the-devil-put-dinosaurs-here/id622941441?uo=4

De todas as bandas de Seattle popularizadas no início dos anos 90, o Alice In Chains sempre foi a menos grunge. Ainda que tenha surgido no mesmo balaio do Nirvana e Pearl Jam, o quarteto formado por Mike Inez, Jerry Cantrell, Layne Staley e Sean Kinney sempre esteve mais voltado para o rock soturno e depressivo, num espectro que ia de pós-punk, passando por metal e chegando até a alguns momentos floydianos.

O fato é que o Alice teve sua carreira interrompida pelo falecimento do vocalista Staley em 2002. Até então, a banda lançara três discos de estúdio, um álbum acústico para a MTV e disco ao vivo e alguns integrantes (entre eles, Staley) haviam participado do projeto paralelo Mad Season, cujo disco saiu em 1995. Um longo inverno se abateu sobre a banda, que ficou em silêncio até 2009, quando o grupo retomou os trabalhos e lançou um novo disco, Black Gives Way To Blue, com um novíssimo vocalista: William DuVall.

Mesmo que houvessem diferenças de atitude, época e timbre de voz, DuVall não se intimidou com a tarefa e fez bonito ao longo do álbum. Este novo trabalho continua a mesmíssima pegada de Black… e também não faz feio. Muito da escuridão foi embora, aquela sensação de que os integrantes estão realmente mal, envoltos em mistério e danação. O que há hoje é um clima pesado e intenso, talvez benefício da maturidade e da capacidade de assimilar o século XXI e trazê-lo para dentro de um disco com pretensões de agradar gregos, troianos, grunges, metaleiros e neófitos.

The Devil Put Dinossaurs Here começa com a bela Hollow, lenta, pesada, meio mamútica, cheia de bases tradicionais de guitarras pesadas o bastante para colocar o ouvinte na fronteira entre o peso e a melodia. Os vocais dobrados dão uma impressão alienígena distorcida, que cai bem com o ambiente. A faixa-título é uma canção em midtempo, com violões e os mesmos vocais dobrados. Também funciona bem, sobretudo por conta do refrão ganchudo e do bom trabalho guitarrístico de Cantrell. Lab Monkey vem climática e alternando pesadelo e sonho, enquanto a melhor canção do disco, Phantom Limb, não tem qualquer receio em fazer o ouvinte passear por uma Seattle chuvosa no início de 1992.

Mesmo que seja impossível não ligar o nome Alice In Chains a uma época que já passou, no caso, o início dos anos 90, também não dá pra negar o triunfo dos seus integrantes em reiniciar uma carreira de sucesso, com uma sonoridade que parece, ao mesmo tempo, evolução e revisitação. Bom disco.

Loading

MARCADORES: Resenha

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.