Resenhas

John Fogerty – Wrote A Song For Everyone

O cérebro por trás do Creedence Clearwater Revival lança novo disco cheio de participações e duetos que celebram sua carreira solo e com a banda

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Ano: 2013
Selo: Vanguard Records
# Faixas: 14
Estilos: Country-Rock, Folk, Folk Rock
Duração: 59:27
Nota: 3.5
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fwrote-a-song-for-eve

John Fogerty é uma das figuras mais queridas do Rock que você, provavelmente, não conhece. Até agora. Ele é o cérebro por trás da precisão matemática que atendia pelo nome de Creedence Clearwater Revival, banda seminal na definição de Country Rock e Southern Rock. Com discografia curta, compreendida entre 1969 e 1972, o Creedence era caracterizado pela guitarra de Fogerty e sua voz rasgada, um a serviço do outro, sempre de forma precisa, econômica e eficaz. A bordo de uma carreira solo iniciada em 1975, mas interrompida por problemas legais e só retomada nove anos mais tarde, Fogerty despontou – novamente – para as paradas de sucesso com o megahit Centerfield, clássico ianque dos estádios de baseball até hoje. Do disco de mesmo nome, John também fez sucesso com The Old Man Down The Road, em cujo clipe, a câmera passa o tempo todo seguindo um cabo de guitarra, até chegar no instrumento, que está sendo tocado por nosso herói.

Mesmo com alguns acertos solo, o próprio John sabe que o filé mignon de sua verve como cantor e compositor está em suas canções dos tempos de Creedence. A prova disso é o sucesso que seus discos ao vivo Premonition (1998) e The Long Road Home: In Concert (2006) alcançaram, justamente por trazerem generosas porções do repertório do CCR. Mesmo assim, devido a problemas judiciais com o selo original do Creedence, a carreira solo de John sempre permaneceu errática, uma vez que ele precisava praticamente burlar a lei para tocar seus próprios sucessos. Este novo disco é a segunda etapa da celebração dessa situação, antecedido por uma coletêanea generosa desses hits. Aqui John se vale de um recurso manjado mas com motivos de sobra pra existir: chama um monte de amigos e lhes dá a chance de duetar com ele em grandes momentos.

Claro, em discos dessa natureza, nem tudo reluz. O inexplicável Kid Rock aparece em Born On The Bayou, tirando toda a magia do original. Jennifer Hudson também pisa forte na gritaria de Proud Mary, algo que nem a presença sacrossanta de Allen Toussaint consegue apagar. É bom lembrar que a canção ganhou interpretação definitiva nos anos 60 a partir do dueto vocal de Tina e Ike Turner, com produção de Phil Spector. Aqui, bem, melhor nem falar. O vocal canastrão de Alan Jackson quase consegue abalar o brilho perene de Have You Ever Seen The Rain, mas parece não haver força destrutiva capaz de evitar que essa canção triunfe. A versão de Lodi, com seus filhos Tyler e Shane não faz feio, assim como a participação dos onipresentes Foo Fighters, conferindo dinâmica anos 90 a Fortunate Son. Também é legal o dueto com Jim James e seu My Morning Jacket em Long As I Can See The Road.

Os melhores momentos dessa celebração ficam com Bad Moon Rising, cantada junto com a Zac Brown Band, a bela releitura de Someday Never Comes com os Dawes e a pungente dupla com Bob Seger, na belíssima Who’ll Stop The Rain. John ainda incluiu duas novas canções nessa celebração, a countryficada Mystic Highway e a marcial Train Of Fools, mostrando que ainda tem muita lenha pra queimar.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.