Resenhas

Renaissance – Grandine Il Vento

Annie Haslam reúne a banda e produz um bom disco de Folk Rock que homenageia sua própria trajetória

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Ano: 2013
Estilos: Folk Rock, Folk, Rock Progressivo
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/74838318

Corria o ano de 1972 quando o primeiro disco do Renaissance veio à luz. Prologue trazia uma variação de Folk Rock – muito em moda na época, principalmente levado por grupos como Steeleye Span ou Fairport Convention). Assim como o Fairport, o Renaissance também trazia um vocal feminino, a cargo de Annie Haslam. Já era possível perceber o talento da moça a partir da beleza de canções como Bound For Infinity, o primeiro sucesso do álbum.

A banda teve seu sucesso ampliado com o disco seguinte, Ashes Are Burning, lançado um ano depois e que conferiu alguns hits ao redor do mundo. Carpet Of The Sun, At The Harbour e Let It Grow, esta última, muito mais no Brasil que em outros países. Também é de se notar a entrada de Michael Dunford, que redimensionou o trabalho guitarrístico da banda. Com uma legião crescente de fãs nos Estados Unidos, o Renaissance lançou Turn Of The Cards em 1975 e iniciou uma longa e constante tour por Europa e Estados Unidos. Mesmo que tenha se mantido oficialmente na ativa ao longo das décadas seguintes (o último disco de inéditas foi Tuscany, em 2002), o grupo já não conseguia capturar novos ouvintes, independente da beleza de seus discos.

Dunford faleceu no ano passado e Annie Haslam decidiu reagrupar a banda e lançar este novíssimo trabalho, em homenagem a Dunford. É um disco belo e plácido, em que os instrumentos acústicos – piano, flautas, metais – se unem perfeitamente aos elétricos, sobretudo guitarra e teclados, criando uma espécie de disco de Neoprogressivo, algo mais elaborado que a música Pop de qualidade mas que não chega a ser inacessível para ouvintes médios. Grandine Il Vento começa com a bela Symphony Of Light, que chega a pouco mais de doze minutos, alternando movimentos e instrumentos, enquando a voz de Haslam – que se tornou a marca registrada da banda ao longo do tempo – passeia sem problemas pelas alamedas instrumentais, com um registro que parece bem próximo do de Kate Bush atualmente. Waterfall já vai pra floresta adentro, com ruidos da natureza e clima plácido, proporcionado por violões e percussão sutilíssima. Porcelain tem certa ambiência oriental enquanto Cry To The World lembra muito o trabalho setentista da banda e traz a participação ilustre de Ian Anderson, flautista e vocalista do Jethro Tull. Blood Silver Like Moonlight também tangencia a fusão de pianos e vocais celestiais dos anos 70.

Com um legado que compreende novas e velhas vozes do rock, indo de Tori Amos a Amy Lee, o Renaissance pode ser um velho conhecido de música do inconsciente coletivo. Se o teu negócio é Folk Rock bem tocado, cheio de teclados, climas e citações elementais, pode cair dentro sem susto.

Renaissance – Cry To The World

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BOM PARA QUEM OUVE: Fleetwood Mac
ARTISTA: Renassaince

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.