Esbanjando simpatia, a banda potiguar Talma & Gadelha lança seu segundo álbum, Maiô, um trabalho com gosto de autoral e tempero Pop para músicas sobre temas de fácil identificação e melodias gostosas de ouvir.
Se vivemos em uma época de hibridismos, na qual é difícil saber quando uma influência termina e outra começa, este disco parece saber criar um bom diálogo entre gêneros que andam de mãos dadas, mas parecem não se misturar nas dez faixas. Enquanto o Rock faz as guitarras gritarem, os vocais e letras se apropriam da tradição que nossa MPB tem e cria momentos bonitos e cheios de vida ao longo da obra.
A faixa-título, que abre o álbum, é um bom exemplo disso. Seu refrão “Por isso, eu choro, coro, eu canto em coro, eu grito, imploro e me decepciono” antecede um momento de maior força instrumental para o verso “quem é que vai me abraçar?”, trazendo um bom momento em que as duas correntes se entrelaçam.
Essa canção descorre sobre a vontade de voltar a um lugar do qual se sente saudades, ou seja, uma certa insatisfação com a situação atual. O tema volta a se repetir por todo Maiô, como em “Não me acalmo com calmantes, quero ser como era antes” (em Calmantes) ou por toda a divertida É Mais Esperto.
Mas o tom não é triste. O que fica da audição é uma pegada ligeira que vai funcionar bem ao vivo, como em Homem de Lata (parceria com Jajá Cardoso, da Vivendo do Ócio) ou no single que anuncia o disco, Em Nome Do Amor – forte candidata a hit, assim como a faixa Maiô. E isso fica evidente mesmo com canções mais emocionadas, como Saturno ou o encerramento em Voltar ao Começo e seu belo diálogo de guitarras.
O disco foi produzido pelo guitarrista da banda, Henrique Geladeira, e se este novo trabalho de Talma & Gadelha não entrar para sua seleção de favoritos – principalmente se o que você procura é inovação -, ele dificilmente passará batido. As músicas curtas e o carisma das composições garantem o prazer e a vontade de escutar tudo de novo.
Talma e Gadelha (RN) – Em Nome Do Amor