Com um nome como The World Is a Beautiful Place & I Am No Longer Afraid to Die ou um disco nomeado como Whenever, If Ever não deve ter sido tão difícil imaginar quais são as principais influências desta banda. Sim, o Emo está bem presente no trabalho de estreia do coletivo de Connecticut, que traz novidades à fórmula do gênero, dando a ele maior senso de mobilidade e força. Trazendo a sensibilidade do Post Rock, a “porrada” do Post-Hardcore e a urgência do Indie Rock, o grupo consegue se estabelecer com uma sonoridade às vezes agressiva, às vezes dócil, em que adjetivos como emotivo, nostálgico, passional e triste caem como uma luva.
Outro ponto em que a influência do Emo é inegável é na lírica sentimental, intensa e por vezes, poética, o que pode lembrar bastante bandas que despontaram quando o gênero começou a crescer no começo dos anos 2000 (American Football e Sunny Day Real Estate, por exemplo). Os dóceis timbres das guitarras e o vocal por vezes choroso e gritado também se apoiam no estilo – e pode ser que os vocais de Thomas Maxwell Diaz se tornem a principal barreira para muita gente que torce o nariz para esse tipo de musicalidade.
Mas há também há bastante inovação em suas faixas. Além dos usuais instrumentos roqueiros, o grupo consegue trazer à sua música coros, pianos, sintetizadores, sessões de cordas e metais – tudo isso acompanhado de grande refinamento na instrumentação e uma boa produção. As tendências do Post-Rock também ajudam a criar essa nova ambientação e potencializar o fator emotivo das faixas – e aqui cabem comparações com bandas como Explosions in the Sky e Godspeed You! Black Emperor (e faixas como blank #9, Ultimate Steve e, o ótimo encerramento com, Getting Sodas podem deixar essa comparação mais clara).
Tudo isso imprime um bom dinamismo às faixas, variando entre o calmo e o explosivo (em um ponto de intersecção interessante entre os estilos com qual a banda constrói suas faixas) e levando o ouvinte a um passeio por uma montanha russa de emoções. Heartbeat in The Brain, por exemplo, é uma dessas viagens em que se é jogado de um lado para o outro (algumas vezes de forma brusca) – guitarras e principalmente os vocais se embasam em uma dinâmica crescente e cheia de momentos explosivos. Picture of a Tree That Doesn’t Look Okay segue neste mesmo caminho, porém apostando em momentos mais roqueiros – no que pode lembrar o som do At The Drive In.
Essa mobilidade impede que o disco se torne um lugar comum, cheio de velhas fórmulas reaproveitadas e confere bons momentos entre suas dez faixas – que somadas não ultrapassam 36 minutos. Fazer tudo isso e ainda manter a coesão e solidez é um grande feito do The World Is a Beautiful Place, ainda mais em seu primeiro registro.