Resenhas

Eluvium – Nightmare Ending

Sétima obra de Matthew Cooper é um convite a um passeio pelo mundo onírico, em que o ouvinte será levado a contemplar as paisagens de sua música

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Ano: 2013
Selo: Temporary Residence Limited
# Faixas: 14
Estilos: Ambient Music
Duração: 83:47
Nota: 4.0
Produção: Matthew Robert Cooper
SoundCloud: /tracks/79063549
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fnightmare-ending%2Fi

Se o nome proposto a esta obra é Nightmare Ending, a ambientação onírica não poderia ser retratada de melhor maneira – ainda mais quando o álbum é construído a partir da Ambient Music. Em seu sétimo álbum, Matthew Robert Cooper, mais conhecido como Eluvium, ambienta sua obra em um mundo de sonhos que, assim como acontece conosco durante todas as noites, perfila diferentes emoções, sentimentos e memórias que se confundem em uma só massa, uma amálgama disforme em que pode haver ou não sentido, com a mais profunda plasticidade ou o mais tenebroso e horripilante pesadelo. Basicamente, o mundo dos sonhos é onde tudo pode acontecer e com este disco não é diferente.

Cooper usa pianos, orquestrações com cordas e metais, texturas eletrônicas e uma série experimentações com efeitos (trazidos principalmente de estilos como o Shoegaze) de forma minimalista – o que em seus dez anos de carreira já lhe rendeu comparações com mestres do gênero como Brian Eno, Tim Hecker e Emeralds. Sua meticulosa construção de sons e padrões sonoros é o que torna seu trabalho tão interessante e é também o que chama atenção em seus álbuns anteriores. Com Nightmare Ending isso não é diferente, mas a proposta metafórica deste tal mundo onírico trazido à tona pelo compositor revela uma musicalidade incrivelmente vasta e muito rica. Dedicada aos detalhes e na lenta progressão, a obra se alonga por mais de 80 minutos (divididos, é claro, em dois discos) e embala o ouvinte por uma viagem delicada e quase estática por diversos terrenos e humores.

A pausa entre uma faixa e outra (geralmente durando alguns poucos segundos) deixa impressão de atos ou estágios separados, de início e fim de novos sonhos – o que faz sentido, pois temos geralmente mais de um sonho por noite. Contemplando essa miríade sonora, cada faixa parece trazer embasamentos e ideias distintas. By the Rails mostra uma sufocante tensão embebida nas influências do Drone; Caroling, o leve dedilhar introspectivo do piano; Sleeper, uma bela e lamuriosa orquestração; Envenom Mettle, caminhos mais sombrios e cheios do Noise; Chime, a estaticidade das obras de Eno; Happiness (fechando o álbum), uma gentil e inata forma do Ambient Pop – trazendo também os únicos vocais de toda a obra (no caso os de Ira Kaplan, do Yo La Tengo).

No geral, este é um álbum exemplar, seja no conteúdo sonoro ou mesmo nas ideias desenvolvidas, e consegue passar muito bem sua proposta ao ouvinte. Sua única ressalva é talvez a duração – um álbum que ultrapassa os 80 minutos pode ser cansativo para quem está sendo apresentado agora ao som do Eluvium, mas certamente irá agradar os fãs de velha data que esperavam por um trabalho alongado e com mais tempo para Cooper desenvolver sua sonoridade fascinante. Quanto à coesão (ou melhor, a falta dela), título e proposta explicam – mas isso certamente faz da obra ainda mais insular e atmosférica.

Eluvium – Don’t Get Any Closer

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BOM PARA QUEM OUVE: Boards of Canada, Brian Eno, Sigur Rós
ARTISTA: Eluvium
MARCADORES: Ambient Music, Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts