Resenhas

Desctructo – Higher

Produtor tenta manter proposta futurista no Deep House, mas fecha o EP como uma obra morna com pouca coerência

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Ano: 2013
Selo: Boysnoize Records
# Faixas: 4
Estilos: Deep House, Trap, ElectroHouse
Duração: 21"
Nota: 3.0
Produção: Gary Richards

Com credibilidade suficiente de um produtor já contratado pro elenco de poucos e talentosos da Boys Noize Records, do incrível e exigente Ridha, e a mente por trás do renomado HARD Events, Destructo ainda acha tempo para trazer e lançar seu material mais recente. Higher tem duas faixas inéditas e dois edits de nomes já conhecidos: Tommy Trash e Brodinski.

A faixa que leva o título ao EP serve como uma progressão de uma linha de baixo marcada com sintetizadores tímidos do Dubstep. Não foge da proposta de trazer um som que se aproxima do EDM com introdução em seu segundo minuto e o início de vocais de estímulo para pista de dança “Get higher, baby!”. É um convite para que sintam a experiência da mistura do Deep House com elementos de gêneros como EDM e Dubstep.

2112, assim como seu nome, é uma viagem pelo futurismo sonoro. Começa em fade in e não constroi com muita expectativa o buildup para seu drop. Com synths pesados para o estilo, traz também uma veia muito ligada ao Acid House e ao UK Garage. Com percussões tribais e vocais robotizados, Gary Richards tenta mostrar seu ponto de vista do futuro do Deep House.

Não só para que complete lacunas, mas como uma elevação do nível, o EP conta com adição de dois remixes em gêneros distintos. Brodinski se arrisca em sintetizadores rasgados do Dubstep para construção de uma estrutura no Trap após sua progressão. A faixa traz uma leveza e espontaneidade como quem estivesse à vontade na produção. Em sua segunda metade, uma base Electro é inserida para o bem da edição. Tommy Trash, por sua vez, abandona a piedade e traz barulho para sua produção, assim como Destructo fez com Technology. Em uma versão de Electrohouse para Higher, o produtor metaliza os vocais e cria uma progressão longa para um clímax lotado de peso. Digna de festivais de EDM e Electrohouse, o DJ arriscou uma percussão aguda no drop da música e uma intro que enlouqueceria qualquer pista.

Vocês podem ter notado que a maior empolgação permanece na leitura dos remixes. Não foi só impressão. Destructo permeia em alguns gêneros para criar sua versão ainda dentro de sua identidade musical. A produção continua impecável, mas não soa natural. A timidez dos synths escolhidos para dar uma sombriedade não são condizentes com a atmosfera que a faixa quer passar. Higher demonstra uma comodidade que surpreende, tanto pelo seu tamanho, quanto pelo seu conteúdo, tanto pela apatia quanto pela timidez de se ir adiante. Boa técnica e criação é confrontada por sintetizadores fora da estética da música, soa imediatista, forçado. 2112, por sua vez, ainda é melhor que o single, ousa na proposta futurista e no sintetizador em loop. Todos já sabemos que o produtor tem boa fama e desenvoltura em suas apresentações, já provou para quem quisesse ver que consegue movimentar uma pista da forma que tem que ser. Entretanto, em uma obra em que seus convidados se mostram mais confortáveis que o próprio artista é preciso rever o caminho. Tommy Trash e Brodinski ajudaram sim Higher receber as três estrelas. O que seria estranho, vindo de estilos completamente distantes do tema, mas não foi dessa vez que Destructo conseguiu emplacar e trazer o que sempre deixava seus ouvintes em transe.

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BOM PARA QUEM OUVE: Betoko, Kolombo, Boys Noize
MARCADORES: Deep House, Novo EP, Trap

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King