Resenhas

Beach Boys – The 50th Anniversary Tour

Registro comemora os 50 anos da banda californiana, com seus maiores sucessos

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Ano: 2013
Selo: Capitol
# Faixas: 41
Estilos: Surf Music, Surf Rock
Duração: 124:14
Nota: 4.5
Produção: Joe Thomas

Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, Bruce Johnston, David Marks empreenderam uma turnê simpática e abrangente para comemorar os 50 anos de atividade dos Beach Boys. Por mais que seja um registro bem digno, o grande golaço que os sujeitos cravaram foi o lançamento do soberbo disco de inéditas That’s Why God Made The Radio, um fecho mais que digno para tantos e tantos anos de hits e turbulências. Mesmo que não haja muita utilidade nisso, pensar no jubileu de ouro dos Beach Boys sem as presenças de Carl e Dennis Wilson, irmãos de Brian, falecidos por conta de câncer e afogamento, respectivamente, é desconfortável. Brian, contra todas as apostas, foi o integrante sobrevivente da família de irmãos que eram fãs de doo-wop, carrões e garotas. Eles e mais o primo Mike Love e o amigo Al Jardine, montaram a banda. Logo depois, Marks participou aqui e ali e Bruce Johnston, esse sim, integrou de fato e de direito as fileiras dos Beach Boys por décadas.

Temos então o disco duplo The 50th Anniversary Tour. Bola dentro para quem percebeu que a banda que acompanha Brian em sua carreira solo é uma máquina bem azeitada de reprodução fiel de timbres, climas e todo tipo de vocalização feita pelos Beach Boys em todas as fases de sua carreira. Com a presença do faz-tudo Darian Sahanaja nos teclados e comando, além do velho e bom Jeff Foskett em vários instrumentos e capaz de emular os trinados angelicais de Carl Wilson, a parte musical está totalmente assegurada. O repertório também se lança de forma generosa sobre a carreira dos rapazes da praia, mesclando as imortais canções de idílio californiano adolescente como Surfin’ Safari, I Get Around e California Girls com as diatribes experimentais que já se insinuavam em Wouldn’t It Be Nice, Good Vibrations, Pet Sounds e God Only Knows, todas em versões aceitáveis, ainda que não cheguem a incendiar o ouvinte (imagino que o show seja irresistível).

O grande mérito dessa coleção de canções é não ter pudores ao revisitar gemas obscuras da carreira da banda, como as belas Marcella, Sail On Sailor, California Saga, All This Is That, Getcha Back, além do sucesso oitentista Kokomo. O final com Barbara Ann e Fun, Fun, Fun é pura história do rock ensolarado e deve ser entendido como um marco do século XX. Mesmo sem destaques instrumentais – a banda está a serviço das canções em sua forma mais simples – ou vôos vocais, este é um bom resumo desta data tão importante para a banda. Os sujeitos já se separaram novamente, cada um clamando pra si o direito de usar o nome Beach Boys e excursionando em paralelo pelo mundo. Corra atrás porque, muito provavelmente, este é o último registro ao vivo da banda e vale totalmente a pena.

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MARCADORES: Resenha

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.