Resenhas

Jagwar Ma – Howlin

Estreia do duo australiano brinca muito com a música psicodélica e o Acid House, retomando uma espírito sonoro que parecia ter sido deixado na década de 1990

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Ano: 2013
Selo: Marathon Artists
# Faixas: 11
Estilos: Rock Psicodélico, Acid House
Duração: 49:00
Nota: 4.0
Produção: Jagwar Ma

Não sabemos que tipo fenômeno químico ocorre quando as águas do Oceano Índico chegam as costas australianas para que tanta psicodelia seja encontrada na atual cena musical do país. Tame Impala lidera está vertente, seguido de perto por Pond e vários outros na região de Perth, cidade mais importante do ocidente australiano. No entanto, a viagem sonora parece encontrar caminho fértil e ultrapassou o gigantesco deserto que percorre mais da metade da Austrália e chegou a Sidney, no oriente, com o duo Jagwar Ma e seu debut Howlin.

As diferenças entre a cena psicodélica de ambos lados do país pode ser explicada através da diferença de ambiente entre as suas principais cidades. Enquanto Perth é rodeada florestas e parques, misturando a comum imagem praieira do país à natureza bruta, Sidney é um metrópole efervescente, cheia de estrangeiros e consequentemente uma extensa vida noturna. Talvez esta seja a explicação do Jagwar Ma se aproximar mais do Acid House desenvolvido por nomes como Primal Scream e Happy Mondays, e fazer com que a psicodelia se torne mais sintética, semelhante as drogas tomadas sob a forma de pílulas.

Metade deste disco tangencia o lado mais eletrônico da música psicodélica, com a utilização de progressões através de diferentes texturas e vocais com efeitos especiais. São em faixas como What Love, uma espécie de rave tântrica e Uncertainty, Eletro que brinca com a música Pop, que tais padrões e escolhas se tornam mais visivéis. No entanto, sem se esquecer do lado mais orgânico da música, Jagwar Ma impressiona por mostrar tanta maturidade em um disco de estreía.

Como se as influências das bandas citadas anteriormente fossem meras projeções do som aqui proposto, o duo consegue misturar tanto o lado que pede as pistas de dança como concertos ao pôr-do-sol em contato com a natureza. That Loneliness mostra um outro lado da solidão abordada no som Tame Impala, mostrando que a instrospeção está longe de ser o foco do grupo e sim compartilhamento de sentimentos de alegria, entre todos, como se o som pudesse ser compreendido por todo o seu público.

O single The Throw tem uma pegada do Primal Scream absurda, lembrando muito o trabalho clássico do grupo assim como o seu mais recente disco que procura reestabelcer contato com o Acid House. Exercise faz reviver os espírito do início da década de 1990 na Inglaterra daquela que ficou conhecida como cena Madchester, pela origem das bandas, Manchester, e o som maluco e viajado.

Da metade pra frente, o disco caminha para uma progressão muito instrumentada e alegre. Os vocais aqui se aproximam de uma admiração logo de cara por serem tão Pop e acessivéis, enquanto a orquestração propicia uma bela viagem sonora sem se tornar enjoativa. Did You Have To e Bacwards Berlim são tomadas como belas inspirações no trabalho de estreía do MGMT por trabalhar em uma formato acústico-psicodélico. Quando as guitarras são colocadas em primeiro plano Let Her Go aparece como uma viagem no tempo a década de 1960, com hippies e o maior e mais plural momento do Rock Psicodélico

Ao estabelecer contato com diferentes vertentes psicodélicas mas se concentrar principalmente no Acid House, formato pouco revisto nos tempos atuais, o Jagwar Ma consegue despontar muito bem dentro da cena psicodélica moderna, que tem a Australia como epicentro. No entanto, o grupo não se resume a somente isso, e mostra um leque de letargia e viagens sonoras dignas de uma banda um pouco mais estabelecida na música e nos faz nos atentar aos futuros empreendimentos deste promissor duo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Tame Impala, Primal Scream, MGMT
ARTISTA: Jagwar Ma

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.