Resenhas

Smith Westerns – Soft Will

Banda se aproxima do Pop de forma correta e diferenciada, criando um disco coeso e psicodélico na medida certa.

Loading

Ano: 2013
Selo: Mom + Pop
# Faixas: 10
Estilos: Rock Psicodélico, Pop
Duração: 39:02
Nota: 4.0
Produção: Chris Coady

Smith Westerns parece seguir o caminho que muitas bandas eventualmente fazem: o Pop. Em seu terceiro disco, Soft Will, somos colocados diante de uma releitura da década de 1960, um pouco do que os Beatles fizeram, a psicodelia inerente à época mas de uma forma mais moderna como se os meninos de Liverpool fossem a inspiração mas que o som realmente viesse dos seus discipulos de Manchester, Oasis. Uma grata surpresa do começo ao fim, o álbum transpira letargia e tranquilidade contagiantes.

Não que o seu som seja particularmente inédito ou inovador, alguns ecos das bandas citadas anteriormente são bem pertinentes e outras, mais recentes, como The Shins e Girls podem ser retornadas a mente de forma mais imediata. No entanto, precisamos de somente uma música, a inicial 3am Spiritual para constar um talento intrinseco ao grupo. Calma, e alegre, faz com que sua manhã gelada seja interpretada de outra forma. Até aí, tudo bem, nada de muito diferente em sua batida leve na bateria, um piano suave e uma voz bem Pop. Quando tudo parece caminhar para a exatidão musical, lá pela metade da faixa, uma abertura mais criativa no piano, trazendo a música um pouco mais distante do chão com seu solo psicodélico, acabam surpreendendo bastante.

Talvez este seja a maior valência deste disco, a falta de padrões seguidos do começo ao fim e a abertura para um Pop mais fora da caixa. A sequência entre Glossed e XXIII exemplifica bem tal ponto. Enquanto a primeira faixa traz acordes e vocais bem pegajosos, quase que obrigando o ouvinte a se perder em tamanha doçura, a segunda pega carona no final da faixa anterior e deixa-se levar por cinco minutos de pura experimentação. Claramente inspirada em The Great Gig In The Sky do clássico [Dark Side of The Moon], tem um momento bem único no disco e surpreendente. A psicodelia Pop vista no disco mais acessível do Pink Floyd, talvez seja mais uma das inspirações para este grupo de Chicago.

Tal linha mais sintetizada e com efeitos viajantes na guitarra continua dando o tom do disco em faixas como Fool Proof e a ótima balada White Oath.No entanto, a obra volta a surpreender em Only Natural, faixa com um apelo radiofônico direto e mais uma vez influenciado por um a gente externo, neste caso o lado menos experimental do Wilco. Tantas influências não forçam a barra em nenhum momento, e podemos perceber uma boa coesão ao longo Soft Will, um trabalho que procura agradar todos com toques adocicados de música na medida certa. Músicas na sequência como Best Friend, Cheer Up e Varsity criam uma transição consistente com a proposta inicial, e não deixam de desapontar em momento algum.

A psicodelia parece muitas vezes tentar afastar o ouvinte de seu ser, tentando transpor estados de espírito através da música. O que o Smith Westerns está tentando fazer com seu mais recente disco é trazer sentimentos mais mundanos, mais paz de espírito com faixas extremamente pegajosas e com forte aspectos do Pop. Sem nunca se esquecer de que a instrumentação é parte importante da música de qualidade, não somente a produção que a envolve, o grupo consegue criar faixas criativas e surpreendentes nos momentos certos, sem sustos ou maiores preocupações. Ao final, o lugar comum encontrado em Soft Will é a sua facilidade em criar padrões sonoros aprazivéis e de apelo universal.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: The Beatles, The Shins, Girls
MARCADORES: Pop, Rock Psicodélico

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.