Resenhas

Labirinto/thisquietarmy – Labirinto/thisquietarmy split

Ambos grupos se unem para lançar de formar conjunta o seus novos trabalhos mas será que tal parceria é realmente interessante?

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Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 8
Estilos: Post-Rock, Instrumental
Duração: 44:00
Nota: 3.0
Produção: Tony Doogan

A escolha de uma parceria envolve muito mais do que simples idéia de uma colaboração benéfica. Os elementos devem estar muito bem encaixados enquanto o pensamento deve estar alinhado em uma linha comum. Unir-se tanto pessoalmente como profissionalmente é uma escolha difícil e cada vez mais vulnerável ao conceito de que nem tudo definitivo, no entanto, o risco normalmente compensa, nem que seja para demonstrar que você estava errado. Ancorando-se neste conceito, a divisão em um LP entre Labirinto e thisquietarmy, entitulado Labirintothisquietarmy split mostra-se uma decisão um pouco estranha, e não tão eficiente assim.

A colaboração entre ambos grupos não existe ou ao menos não é tão notada em meio uma obra que só é constante em sua atmosfera densa e obscura. Quando vemos o lado feito pelos brasileiros, um Post Rock interessante é notado, conseguindo traduzir muito bem alguns sentimentos através de instrumentações cuidadosas de uma banda de sete pessoas. As três faixas vistas neste disco mostram evidentes qualidades e uma grande inspiração em grupos como Mogwai e Explosions in the Sky, mostrando que a música instrumental tem espaço no nosso país com outros grupos como Mahmed e Tape Disaster.

Tahrir é crescente com um riff que evolui a partir de uma base simples mas que aos poucos consegue adquirir texturas alheias em outros instrumentos. Seu toque é desértico e desolador, e demonstra a intensidade necessária quando o peso é imposto. Diluvium mantém a aura de mistério de outras músicas, enquanto ganha uma certa letargia no seu riff ciclíco. Já 11 Palmos mostra-se a grande joia de todo disco ao conseguir capturar tanto as sensações de alguém que atende a um funeral quanto o próprio morto, se pudesse perceber que está sendo enterrado eternamente. Mistura claustrofobia, tristeza e melancolia como o título pede.

Se fosse um EP único com somente Labirinto, teríamos aqui um bom trabalho para o gênero, não muito inovador mas ainda sim intenso e relevante. No entanto, ao decidir dividir o foco com thisquietarmy, o impacto acaba sendo relevado, principalmente quando escutado em sequência. Os lados não se comunicam muito bem, e não temos nada parecido como uma parceria. Uma instrumentação quase imperceptível, parecendo muitas vezes um reverb tântrico permeia o outro lado do trabalho.

Faixas como Paths to Illumination e Eclipse são um claro contraste entre os grupos, e as suas propostas sonoras. É evidente que a função do estilo de música aqui proposto é igual, podendo ser deixada tocando tanto em uma viagem como numa simples leitura de livro. No entanto, o destaque vai todo para Labirinto enquanto a banda de uma homem só thisquietarmy não consegue se destacar em nenhum momento, sendo somente um “plano de fundo”.

Talvez para tornar ambos os trabalhos mais evidentes, tal parceria sem colaboração editorial foi aceita. Entretanto, o produto final se mostra sem coesão o que certamente prejudica a notoriedade que o grupo brasileiro poderia adquirir com um novo EP após o elogiado trabalho de estreía Anatena. Posso até estar errado, e o trabalho ganhe mais destaque justamente pelo nome gringo junto aos nossos tupiniquins mas vejo que o nosso Post Rock merece destaque individual e não precisa de auxílio externos para demonstrar o seu valor sonoro.

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BOM PARA QUEM OUVE: Mahmed, Mogwai, The Tape Disaster
MARCADORES: Instrumental, Post-Rock

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.