Resenhas

Josh Ritter – The Beast In Its Tracks

Novo disco do cantor é destaque por sua produção e performance

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Ano: 2013
Selo: Pytheas Recordings
# Faixas: 13
Estilos: Folk, Pop Folk, Rock
Nota: 4.5

Josh Ritter fazia sua graduação em neurociências quando decidiu mudar de ares. Ativo no circuito de bares e casas noturnas próximas ao Oberlin College em Oberlin, Ohio, Josh percebeu que sua vida não seria feliz e realizada se fizesse da ciência sua principal ocupação. Como desenvolvia uma paixão de muito tempo pelo blues, folk e rock, desde que ouvira Girl From North Country, cantada por Bob Dylan e Johnny Cash, no disco Nashville Skyline, ele percebeu que a música faria parte de sua vida para sempre.

Ele havia gravado um punhado de canções em estúdios locais, incluindo um estúdio no próprio campus da faculdade e decidiu mochilar na Escócia após sua formatura. Lá passou seis meses estudando folk e retornou para os Estados Unidos, indo fixar residência em Providence, perto de Boston. Lá ele deu continuidade às suas composições enquanto trabalhava em empregos temporários e pouco promissores, mantendo sagradas as noites no circuito local de bares. Numa dessas noites, chamou a atenção de Glen Hansard, então líder do grupo irlandês The Frames, que convidou Josh para abrir uma turnê da banda na Irlanda. Foi a partir disso, na virada do milênio, ao retornar com algum dinheiro da excursão, que Josh iniciou sua carreira de fato. Seu primeiro e homônimo disco foi sucedido pelo sublime The Golden Age Of Radio, em 2001. Dois anos depois, ele atingiria maior sucesso com Hello Starling, seu terceiro trabalho, que forneceu um hit menor belíssimo, Kathleen. Desde então, Josh Ritter solta discos de estúdio e ao vivo com certa regularidade, mantendo uma carreira que já tem 13 anos, com onze registros em disco. The Beast In Its Tracks é seu mais novo disco, cheio de belezas. É o chamado “disco de divórcio”, uma vez que é movido totalmente por canções de melodia contemplativa e letra de desencanto/esperança.

Nesse contexto árido surgem algumas pepitas de ouro, como The Appleblossom Song, leve e melodiosa, cheia de violões simpáticos. O clima semi-country de Bonfire dá a lembrança dylanesca necessária, ajudado pelo registro vocal de Josh, bem semelhante ao do Bardo, quando este ainda era um jovem cheio de esperança e cores pela frente. Outras gemas aparecem no caminho, como In Your Arms Awhile, mais pendente para uma reminiscência de duetos entre June Carter e Johnny Cash e a beleza extrema de Hopeful, que lembra demais alguma canção nunca registrada por John Lennon em sua fase Double Fantasy.

Belo trabalho de um artista que merece ser mais conhecido e apreciado. Faça isso agora!

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ARTISTA: Josh Ritter
MARCADORES: Folk, Ouça, Pop Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.