Resenhas

Barulhista – Café Branco

Décimo trabalho do produtor mineiro acerta na dose de seus barulhos e na amálgama com a Ambient Music e tendências mais brandas da Música Eletrônica

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Ano: 2013
Selo: [0.cm]
# Faixas: 5
Estilos: Eletrônico Experimental, Ambient Music
Duração: 31:49
Nota: 4.0
Produção: Barulhista

Com nove obras já lançadas, o músico mineiro GA, também conhecido como Barulhista, chega à casa dos dois dígitos com um trabalho que consegue explicar, quase como uma poesia musicada, o que pretende com sua música. De ouvidos atentos a qualquer ruído ou barulho, o músico sabe juntar sons, timbres, tons, cores e objetos cotidianos a sua leve e delicada amálgama eletrônica, que convida seu ouvinte a um passeio sonoro pelas estruturas e experimentações que o músico nos proporciona.

Café Branco, seu décimo EP, chega ao ouvidos como um emaranhado de sons hipnóticos que como o próprio descreve, é uma “música da para dançar sentado”. O que faz todo sentido, já que a Ambient Music e tendências mais brandas da Música Eletrônica que conduzem os emaranhados de ruidosos do músico.

Por explorar sons “caipiras” e interioranos, o que o Barulhista faz pode remeter ao som do, também mineiro, Psilosamples, porém a ambientação onírica escolhida pelo músico consegue trazer a flor da pele muitos sentimentos e sensações que o projeto de Zé Rolê não consegue, nem com muito esforço, despertar em seus ouvintes. Talvez, uma comparação que seja mais precisa, mesmo não sendo, é com a sonoridade proposta pelo produtor Gold Panda, porém aqui ambientada na realidade típica do interior brasileiro e não nas megalópoles pela qual o músico inglês transita.

Se for para comparar, talvez faça mais sentido fazê-lo com a Constantina, banda instrumental em que GA também contribui. Por mais que sigam caminhos musicais bem distintos, a sensação única de se ouvir essas obras e de mergulhar em poço de sons, se destinam ao mesmo caminho. Essa narrativa sem palavras e sem personagens, somente com um plano de fundo e uma locação pode ser sentida em Passàrgada, que brinca com nome da terra sonhada de Manuel Bandeira em seu poema.

Dando uma boa dinâmica à sua obra, cada faixa tem seu próprio ritmo e particularidades, mas sem perder a unidade quando analisadas em conjunto. a lufa, por exemplo, abre o EP apresentando batidas mais constantes e inserções dos ruídos captados pelo músico de formas mais esparsas, enquanto Malevich, desde o inicio apresenta uma série deles em uma “bagunça” musical que vai se desenvolvendo ao poucos até realmente ganhar contornos mais distinguíveis. Fechando o trabalho, Nonada apresenta mais toques instrumentais como sintetizador, teclado e violão, em uma faixa que incrementa ainda mais o teor orgânico da Música Eletrônica feita pelo Barulhista – além de trazer também sonoridades tipicamente brasileiras.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts